Word of the Day

Wednesday, December 12, 2007

Špagety

Špagety je jasně italského původu, ale zajímalo by mě, proč se česky píše š a ne s, protože původní tvar má vyslovnost se s. Je pravda, že se v několika italských dialektech vyslovuje s před souhláskou jako š, ale standardní italština to nepřipouští. Je možné, že Češi se naučili to slovo od Němců, již vyslovují s před souhláskami p a t jako š. A odmítám hypotézu slovenské vlastnosti v té vyslovnosti, protože ruské спагетти a polské spaghetti (s původním pravopisem) nemají zvuk š místo zvuku s.

Friday, December 7, 2007

Diruptivo

Mais um erro de tradução, esta vez na página 68 de A menina que roubava livros:

A razão de ela ter sido promovida teve mais a ver com o fato de Liesel ter-se tornado diruptiva
na turma dos mais novos.

Diruptivo, ensina o mestre Aurélio, significa 1.Que arruína; destrutivo, destruidor. 2. Que provoca ruptura.

Pelo contexto não se evidencia que a menina fosse destruidora ou que ela provocasse rupturas, simplesmente que ela era malcomportada, inquieta ou perturbadora, sentido que pertence a disruptive em inglês.

Lheísmo

Não há nada que me irrite mais no português brasileiro do que o lheísmo (bom, tinha chego, já discutido, acho que consegue essa proeza). Parece que até alguns anos atrás o fenômeno se estendia ao Nordeste do Brasil e era característico do falar deles, mas principalmente depois do sucesso de Senhora do Destino, em que a personagem principal interpretada por Suzana Vieira era nordestina e recorria constantemente ao lhe como objeto direto, parece que esse uso espúrio chegou para ficar. Explico: o pronome lhe (do illi latino, dativo) tem a função de objeto indireto, ou seja, só aparece com verbos transitivos indiretos, que são aqueles verbos que exigem preposição(quem vende, vende vende algo a alguém; quem dá dá algo a alguém; quem obedece obedece a alguém; quem perdoa perdoa a alguém; por isso seria completamente correto dizer vendo-lhe, dou-lhe, obedeço-lhe, perdôo-lhe). Mas esse lhe não tem função de objeto direto, quem ama ama alguém; quem beija beija alguém; quem veste veste alguém, portanto não seria correto (e dói um absurdo nos meus ouvidos ainda não conformados com isso): amo-lhe, beijo-lhei, visto-lhe. Só que esse lhe parece ter tomado essa posição quando o referente é o pronome você em detrimento dos pronomes o e a, que marcam claramente o gênero. Não sei se quem faz uso do lhe como objeto direto o faz para fazer declarações de cunho geral, esquecendo-se de que em português o masculino é o gênero não marcado, ou se o faz porque acha que o e a se referem só a referentes ausentes (ele e ela), ou ainda se o faz porque até pouco tempo atrás o pronome lhe não parecia fazer parte do português brasileiro falado e usá-lo daria um toque de classe à fala. O fato é que isso está brotando como cogumelos (para usar um símile inglês) a ponto de o mesmo texto apresentar esse lhe errôneo nada mais nada menos do que quatro vezes e corretamente só uma vez. Abaixo apresento texto, lindo por sinal no que se refere ao seu conteúdo, e marco com negrito o único caso em que o pronome lhe está sendo corretamente usado:

Durante um seminário para casais, perguntaram à esposa:
- seu marido lhe faz feliz?
- ele lhe faz feliz de verdade?
Neste momento, o marido levantou seu pescoço,demonstrando segurança. Ele
sabia que sua esposa diria que sim,pois ela jamais havia reclamado de algo
durante o casamento.
Todavia, sua esposa respondeu com um 'Não', bem redondo...
- Não, meu marido não me faz feliz.
Neste momento, o marido já procurava a porta de saída mais próxima.
- Ele não me 'faz' feliz... Eu sou feliz.
O fato de eu ser feliz ou não, não depende dele e sim de mim.
E continuou dizendo:
- Eu sou a única pessoa da qual depende a minha felicidade.
Eu determino ser feliz em cada situação e em cada momento da minha vida;
pois se a minha felicidade dependesse de alguma pessoa, coisa ou
circunstância sobre a face da terra, eu estaria com sérios problemas.
Tudo o que existe nesta vida muda frequentemente...
O ser humano, as riquezas, meu corpo,o clima, meu chefe, os prazeres, etc.
E assim poderia citar uma lista interminável. Às demais coisas eu chamo
'experiências'; esqueço-me das experiências passageiras e vivo as que são
eternas; amar, perdoar, ajudar, compreender, aceitar, consolar.
Lembro-me de viver de modo eterno.
Talvez seja por isso que quando alguém me faz perguntas como esta:
'Você é feliz no seu casamento?' ou 'Você é feliz?', gosto de responder com
apenas uma frase, como se esta fosse a conclusão de todo o seminário, como
se esta fosse a chave de toda a felicidade de todo matrimônio e de toda
vida humana; gosto de responder com aquela velha e famosa frase que ainda
não conseguimos compreender:
'A felicidade está centrada em mim' .
Há pessoas que dizem:
'Hoje não posso ser feliz porque estou doente,
porque não tenho dinheiro,
porque faz muito calor,
porque alguém me insultou,
porque alguém deixou de me amar,
porque alguém não soube me dar valor...'
SEJA FELIZ ,
mesmo que faça calor,
mesmo que esteja doente,
mesmo que não tenha dinheiro,
mesmo que alguém tenha lhe machucado,
mesmo que alguém não lhe ame ou não lhe dê o devido valor.
'SEJA FELIZ. Sempre!!!'

Tuesday, November 27, 2007

Encontro lítero-musical

Recentemente vi o neologismo (e pelo jeito um hapax prolegomenon) lítero-musical. Pode parecer chique por ter uma proparoxítona - a acentuação que menos existe em língua portuguesa, comum em cultismos, por isso se devem acentuar graficamente - mas não se pode dizer que a palavra esteja bem formada. Primeiro: a palavra lítero não existe, o que mais se lhe avizinha é litera (proparoxítona), letra em latim. Segundo: nesse tipo de compostos hifenizados em que o segundo elemento é adjetivo, o primeiro também o é (político-econômico, democrata-cristão, etc.), exceção feita para os compostos constituídos de elementos gregos (geopolítico, hidroelétrico, etc.), o que não é o caso aqui. Daí a necessidade de se haver criado algo como encontro literário-musical. Pronto! Estão satisfeitos todos os requisitos para um vocábulo bem formado em língua portuguesa.

Monday, November 26, 2007

Sackjacking

Het is een wijd verbreid fenomeen dat buitenlandse woorden soms een andere betekenis krijgen in de taal die ze adopteert. Dat is iets natuurlijks in alle talen. Men kan niet verwachten dat alle burgers een vreemde taal zo goed beheersen zodat ze het buitenlandse woord in zijn oorspronkelijke betekenis gebruiken. Maar vandaag is me iets interessants gebeurd. Ik heb altijd de indruk gehad dat een enorme aantal Nederlandstaligen op een bijna perfect niveau communiceert in het Engels dat ze geen Engels woord "slecht" zouden gebruiken. Het woord waarvan ik spreek is sackjacking. Ik heb het vandaag voor de eerste keer gezien en wilde er meer informatie over krijgen en dacht natuurlijk aan Google, maar alle pagina's die ik gevonden heb waren uit België! Dat woord werd in België gecreëerd maar blijkbaar wordt het niet gekend door Engelse moedertaalsprekers. Het interessante ding is dat het ook op sommige Franstalige Belgische pagina's voorkomt tussen aanhalingstekens, hetgeen moet betekenen dat de tekstschrijver weet dat het geen echt Frans woord is maar het kent en de nood voelt het te gebruiken. Het was moeilijk een definitie van sackjacking online te vinden, het beste wat ik heb gevonden is: Toen de ruit aan diggelen was geslagen, bedreigde de man het slachtoffer met pepperspray. Hij griste daarop haar handtas - met daarin 49.800 euro, de dagopbrengst van de autohandel - mee en ging er vandoor.

Thursday, November 8, 2007

Estratagema

¿Por qué será que el español ha optado por darle a la palabra estratagema género femenino? ¿La presencia de la a en el fin? Se debe recordar que las palabras en -ma, que eran originalmente neutras en griego, han pasado a las lenguas neolatinas como masculinas (salvo en rumano, en el que todos los vocablos en -ma son femeninos): el problema, el teorema, el morfema, el sintagma, pero extrañamente la estratagema y el/la anatema, este último sustantivo ambiguo según indican los diccionarios. Me pregunto qué fenómenos lingüísticos se habrán producido para que se asignase a estratagema el género femenino.

Wednesday, November 7, 2007

Retornável

Volto a falar de más traduções, mormente do inglês, que vieram para ficar. A palavra retornável é uma delas. O sufixo -ável significa aquilo que pode ser feito. Como se vê, aí temos a voz passiva, e só tem voz passiva verbo transitivo direto. Acontece que retornar como transitivo direto significa fazer retornar, tornar, como em O inverno retornou os viajantes à América, acepção de que acabo de me inteirar. Mas na palavra retornável pegou-se o inglês returnable, aquilo que pode ser returned, ou seja, devolvido, e aplicou-se a qualquer embalagem, sobretudo garrafas, que possa ser devolvida a um estabelecimento comercial para que se abata o preço do vasilhame ao consumidor. Em outras palavras, returnable daria devolvível em português, que não se encontra dicionarizado, mas retornável também não. A diferença é que faria é que teríamos elementos portugueses se tivéssemos adotado a palavra grafia e não essa mistura de inglês com português que temos agora.

Friday, October 26, 2007

Guspir

Depois de alguns anos sem ir ao dentista, tomei vergonha na cara e dirigi-me à tão temida cadeira para preencher uma cratera que se havia formado no meu dente. Estar lá com a boca aberta e com a língua para fora fez-me pensar em outra língua: a portuguesa. A dentista durante toda a minha consulta pronunciou a palavra cuspir, que ela deve pronunciar centenas de vezes por dia, guspir (pode guspir, pode guspir, pode guspir). É claro que já tinha ouvido essa articulação a incautos, mas não o esperava de uma profissional dos dentes, que afinal fez uma boa faculdade (ou pelo menos supõe-se e/ou espera-se). A língua portuguesa, assim como a espanhola, de certo tende à sonorização (é por isso que o latim amicus virou amigo em português e em espanhol), mas isso só ocorre entre vogais, nunca no início da palavra. O que está em jogo aqui é algo muito mais poderoso que não consigo compreender. Imagino alguém que quer saber como se diz guspir em outra lingua e não acha no dicionário, simplesmente porque a palavra oficialmente não é assim (e se depender de mim, que permaneça na ilegalidade por um bom tempo).

Thursday, October 25, 2007

Solicitamos aguarde

Ao esperar na linha para comprar a minha passagem de avião para Europa (finalmente a Europa!), ouvi uma gravação com uma construção que nunca encontrara antes na língua falada: Solicitamos aguarde. Imediatamente chamou-me a atenção a ausência da conjunção integrante que, a que estamos acostumados. Uns instantes depois lembrei-me nos rincões mais recônditos da minha de ter lido algo a respeito, e após desempoeirar um velho livro de gramática portuguesa, achei:

A língua portuguesa permite, em alguns casos, silenciar a integrante que:
Não cuideis seja a masmorra
Não cuideis seja o degredo
(C. Meireles, OP, 862).

Em geral, a omissão da integrante é possível depois de certos verbos que exprimem ordem, desejo, pedido ou súplica: mandar, ordenar, querer, esperar, pedir, solicitar (negrito meu), rogar, suplicar, etc.

Essa supressão é própria da língua inglesa e de outras línguas germânicas, que o fazem sem o menor pejo, e também é encontradiça no espanhol (com restrições) e no italiano (bem mais freqüentemente). Talvez tenha colaborado para o aparecimento dessa construção o fato de a companhia aérea ser espanhola e haver uma gravação também em espanhol, que pode ter "contaminado" a tradução em português, mas neste caso de forma positiva e bastante literária.

Wednesday, October 24, 2007

have forbade

I learned that the past participle of forbid is forbidden (and sometimes forbid) and that is what most websites on the English language tell you, but I've found an instance of forbade as a past participle in an article about swearing by Steven Pinker that caught my eyes:

Cultural conservatives were outraged (that the Federal Communications Commission hadn't sanctioned NBC for not bleeping out the word fucking pronounced by Bono on the Golden Globe Awards). California Representatives Doug Ose tried to close the loophole in the FCC's regulations with the filthies piece of legislation ever considered by Congress. Had it passed, the Clean Airwaves Act would have forbade from broadcast (and he reels off a string of words...)

None of my references tell me that usage is okay (and sounds odd to me) but examples on Google abound by the thousands, but Google itself recommends you try have forbid, has forbid and had forbid when you key in have forbade, has forbade and had forbade, respectively, suggesting it is a misspelling. Have/has/had forbidden still is the victor, though, and I hope it goes on like this for many decades to come.

Saturday, October 13, 2007

Have shrunken

A construction I encountered in the great read The language instinct, by Steven Pinker, struck me as odd. Here it is:

The various parts can be grotesquely distorted or stunted across animals: a bat's wing is a hand, a hortse trots on its middle toes, a whales' forelimbs have become flippers and this hindlimbs have shrunken to invisible nubs...

Here is what the Merriam-Webster's Dictionary of Contemporary English Usage says about shrunken:

Shrunk
and shrunken are both used as the past participle of shrink. Shrunk is the usual choice when the participle is functioning as a verb:

... the lake has shrunk to a mirage of shimmering blue - William Kittredge, Fiction, vol. 1, no. 3, 1973

Or had they only shrunk? - Wilfrid Sheed, The Good Word and Other Words, 19787

Shrunken is the usual choice when the participle is functioning as a an adjective:

... a somewhat shrunken functionary, barely worth a book - Wilfrid Sheed, The Good Word and Other Words, 1978

... a frail and shrunken fragment of the old dream - Mavis Gallant, N.Y. Times Book Rev., 11 May 1983

So according to this book, using shrunk as the author did is unusual, to which I agree. I'd never seen it used like that before, not that that means anything.

Thursday, October 11, 2007

Hipercorreção em colocação pronominal

Brasileiro não se dá muito bem com os pronomes mesmo, pelo menos no que se refere à língua padrão. Hoje no banco fiquei surpreso com duas coisas: a primeira que a caixa eletrônica que ia usar não estava funcionando e a segunda é que o aviso que tinham colocado era mais ou menos assim: Comunicamos que este terminal eletrônico encontra-se temporariamente fora de serviço. A ênclise, por parecer mais elegante ao brasileiro médio, que raramente a emprega na fala, aí se enfiltra de uma maneira pouco ortodoxa. Não se usa a ênclise com a palavra que, que pode ser conjunção integrante, pronome interrogativo ou pronome relativo, o que as nossas professoras de gramática cansam de nos dizer. Ia alertar o pessoal do banco, que afinal de contas é a maior instituição financeira pública do País e tem como obrigação salvaguardar a língua nacional, mas confinado naquela sala em que a presença de meros clientes como eu parece não ser muito bem-vinda, havia somente um segurança, que tenho as minhas dúvidas se teria passado adiante o meu recado.

Sunday, September 23, 2007

Enxaguatório

Esta eu vi na Festa de San Gennaro ontem: enxaguatório. A palavra referia-se a um produto bucal líquido de determinada marca que se deve usar depois de escovar os dentes para garantir uma maior limpeza oral e um hálito mais saudável. Rigorosamente falando, essa palavra não teria cabimento, já que o t de enxaguatório (do verbo enxaguar) não aparece no étimo latino (comparem com comprovar - comprobatório, em que a primeira palavra nos chegou por via popular e a segunda por via erudita). O verbo enxaguar teria derivado do latim exaquare (tirar a água), o que nos daria exaquatório, em que o x seria pronunciado como em táxi. Acontece que não é isso que aconteceu, optou-se por um neologismo de moldes muito mais populares(cos), possivelmente para colmatar a lacuna deixada pelo anglicismo (mouth) rinser. Isso só prova, apesar do método utilizado, que a língua portuguesa ainda goza de boa saúde e que seus falantes ainda são expressivos na hora de criar palavras e nem sempre capitulam à invasão do estrangeirismo.

Sunday, September 16, 2007

Aviatic

Azi am descoperit cuvântul aviatic şi m-am gândit că ar fi bun dacă limba portugheză ar avea un termen derivat de la avião, de exemplu aviático. Bineînţeles că putem zice aéreo în acelaşi context, dar asta nu contează, fiindcă cuvântul acesta este derivat de la ar.

Saturday, September 15, 2007

Kwiat nazywający się bez

Ku memu zdumieniu dzisiaj nauczyłem się, że bez jako rzeczownik jest nazwa kwiatu w polskim i w czeskim.

Fiado não cara

É possível que você tenha interpretado o título desta nota da mesma forma que eu, quando a vi hoje de manhã no capacete de um motociclista. Primeiro pensei que se tratasse de Fiado (sujeito) não (advérbio de negação) e cara (terceira pessoa do singular do verbo *carar, inexistente), mas como isso não faz absolutamente nenhum sentido, deu-me aquele estalo: Fiado não, cara! ou Fiado? Não, cara! Que falta faz uma boa pontuação!

Pititico

Although I've been grown up with the word pititico, it's not in my dictionary, maybe it's too regional or too slangy, I don't know, but what interests me is that it's a diminutive form of the standard pequeno and just so similar to Catalan/French petit and Spanish petizo. Some concepts and sounds seem to permeate a particular branch of languages. This has always intrigued me.

Wednesday, September 12, 2007

Vlna tsunami

Tento výňatek článku novin Aktuálně upoutal mou pozornost: "Jakarta - Indonéské zemětřesení způsobilo vrásky i africkému Mosambiku. Tamní úřady vydaly varování před vlnou tsunami, která měla vzniknout právě po zemětřesení v jihovýchodní Asii a doporučili obyvatelům pobřeží evakuaci." Tsunami (japonsky 津波) doslova znamená vlna přístavu, což naznačuje, že se pojetí vlny už nalézá v japonském výrazu. Samozřejmě nemůžeme vyžadovat, aby všichni novináři uměli japonsky, ale psaní vlna tsunami možná ukazuje, že si žurnalista není celkem jist významem slova.

Los o les precede

Hoy he leído un texto que decía les precede. Como yo habría dicho los precede, me surgió la duda si tendría yo o ellos la razón y fui a averiguar en la RAE, según la cual "El complemento directo exige el uso de las formas pronominales de acusativo lo(s), la(s): «Huidobro lo precede en el tiempo» (Paz Sombras [Méx. 1983]). No obstante, la presencia obligada de la preposición a ante este complemento favorece el uso de la forma de dativo le(s), frecuente incluso en zonas no leístas: «Al inspector eclesiástico siempre le precede [...] el olor del cubo con el cual se confiesa» (RBastos Vigilia [Par. 1992])." Pero lo que pasa es que país más leísta que Paraguay no puede existir. Ellos incluso usan le para las cosas, como informa la propia RAE: "c) En el Paraguay, el guaraní es lengua oficial junto con el español. El bilingüismo es prácticamente general y la consecuencia principal de la influencia del guaraní en el español hablado en esta zona es el uso exclusivo de le con referentes tanto animados como inanimados, independientemente de la función sintáctica del pronombre y del género de su antecedente: Marca de incorrección.«Si vos esa pregunta le trasladás a Oviedo y le trasladás a Nenín Viveros Cartes y te dicen la misma cosa [...], quiere decir que es un verdadero genio, Nicolás» (Abc [Par.] 19.12.96). En ciertas zonas del noreste de la Argentina, el español se halla en contacto con el guaraní, por lo que se encuentran manifestaciones leístas semejantes a las paraguayas. Sin embargo, no están tan extendidas entre las capas cultas por el influjo que en estas ejerce la norma estándar nacional, que rechaza fuertemente el leísmo."

Saturday, September 8, 2007

Vou chegando

Por que será que algumas pessoas, ao dizerem que está na hora de irem embora, dizem Vou/vamos chegando, quando querem dizer exatamente o contrário, que estão indo?

Friday, September 7, 2007

Písmeno s latinských slov

Chtěl bych vědět, proč se česky píší slova jako konzultovat a arzenál s písmenem z a ne s písmenem s, které se v těchto slovech objevuje v latině a v románských jazycích. Češi by měli mít sklon k výslovnosti takových s jako s, protože to písmeno s tou výslovností mají ve své mateřštině, ale jednali proti té tendenci. Možná němčina, jež v takových případech vyslovuje s jako z, měla vliv na způsob, jak Češi vyslovují a píší ta slova.

Месяцы

У месяцев в славянских языках интересные названия. Месяцы по-русски имеют латинские обозначения, хотя русский язык се пишет на кириллическом алфавите и православное большинство говорит на этом языке, а на других славянских языках, например по-чешски и по-польску, се использует латиница и есть славянские названия для месяцев. Католическая церковь, которая доминировала/доминирует в Чешской Республике и в Польше, "наложила" латинский алфавит, алфавит языка употребленнего её духоженством. Может быть, что греки, у которых есть тоже латинские названия для месяцев и состоят в ортодоксальной вере, повлияли на русских.

Thursday, September 6, 2007

Sou feliz por ser católico

Hoje mais uma vez me deparei com a frase Sou feliz por ser católico, que já tinha visto tantas vezes no vidro dos carros, mas que nunca me tinha chamado a atenção. Essa frase encerra uma ambigüidade, intencional ou não, mas como se trata de uma espécie de propaganda, talvez eu acabe votando pela primeira opção. Pode ser interpretada como Sou orgulhoso por ser católico/Ser católico me orgulha ou então Se sou feliz, é porque sou católico, em que por ser passaria a infinitivo pessoal que poderia ser trocado por porque sou católico.

Przypadki po przyimkach

Dopiero co zdałem sobie sprawę z tego, że, w przeciwieństwie do innych przyimków w językach słowiańskich, pansłowiański przyimek po wymaga miejscownika po czesku i po polsku, ale celownika po rosyjsku. Może dlatego, że znaczenie tego przyimka nie jest zawsze to same w tych trzech językach. W czeskim znaczy to samo jak w polskim (after), ale w rosyjskim znaczy tylko around/about, co jest czasem prawdą i w czeskim i w polskim.

Wednesday, September 5, 2007

Guiana

Pergunto-me se depois que entrar em vigor a nova ortografia da língua portuguesa, poderei escrever oficialmente Guiana com y, já que essa letra, além do k e do w, voltarão a fazer parte do nosso alfabeto. Por que Guiana com y? Aprendi a pronunciar essa palavra Gúi-ana, o que não é de forma alguma espelhado na ortografia, que, pelo contrário, nos faz pela lógica pronunciá-la Gui (como em Guimarães) ana. Instituindo-se o y, obviar-se-á a esse problema, já que o y aí passará a semivogal e Guyana voltará a ter uma escrita que condiz com a sua pronúncia. Além do mais, o y mantém-se nas formas originais inglesa (Guyana) e francesa (Guyane), portanto não estaremos sós.

Saturday, August 25, 2007

Psaní cizích slov v češtině

Nelíbí se mi, že v češtině existuje praxe zachovat původní pravopis cizích slov. Čeština je z 99% fonetický jazykp, ale tato slova jsou výjimkou z tohoto pravidla (říkám 99%, protože neznám žádný jazyk, který má tu vlastnost ze sta procent a protože české di a ti mají odlišné výslovnosti, když se objevují ve slovech cizího původu, jako diplomat). Proč nepíšeme ta slova, jak se vyslovují v češtině, jak jsme udělali např. se sendvičem (od sandwich) ? Nejhorší je, že je skloňujeme, což znamená, že jsou to napůl česká, napůl cizí. Co je nesprávného na slovech hendikep místo handicap a gej místo gay? Musíme pořád ukazovat lidem, že umíme anglicky? Pokud jim nechceme dát český kabát, mohli bychom alespoň varovat čtenáře, že příští slovo, které přečte, není české, a že bude muset přepnout mozek a pohnout jazykem určitým způsobem, aby to slovo správně vyslovil. Navrhuji, abychom používali uvozovky.

Membranhaut

Heute bin ich zum ersten Mal auf den Begriff Membranhaut gestoßen. Den finde ich höchst redundant. Schleimhaut kannte ich doch schon, aber Membranhaut war mir etwas Neues. Auf Latein bedeutet Membran schon Häutchen. Was tut Haut dort? Das ähnelt den korrupten englischen Wörtern PIN number (personal identification number number) und ATM machine (automatic telling machine machine). Meiner Ansicht nach trägt Haut nichts Neues zum Wort bei. Man könnte es einfach loswerden. Diese sprachlichen Überflüssigkeiten sind nur auf die Unwissenheit der Sprecher/Schreiber über die wirkliche Bedeutung bzw. Herkunft eines Wortes zurückzuführen. Eine bessere Erklärung finde ich nicht.

Adjetivando substantivos

Muito se tem dito a respeito do acolhimento, muitas vezes irrestrito e no meu entender nefasto, de termos estrangeiros, em sua esmagadora origem ingleses por motivos que são tão óbvios que nem vale a pena enumerar. A invasão anglo-saxônica é evidente no léxico, mas também deixa suas pegadas na sintaxe, acreditem se quiser. Agora em português, pelo menos no meu cantinho do mundo, parece terem-se generalizado construções do tipo alunos Fisk, funcionários Embraer, em vez dos escorreitos alunos da/do Fisk (já ouvi masculino e feminino num diálogo com a mesma pessoa) e funcionários da Embraer. O que está acontecendo aqui? Estão adjetivando um substantivo, praticamente uma cópia do inglês, que permite esse tipo de coisas, com a ressalva de que a língua de Shakespeare exige colocar-se o atributo antes do substantivo cujo significado se deseja delimitar. O português, pelo menos até pouquíssimo tempo atrás, não permitia esse tipo de estripulias, mas agora essas coisas ouvem-se a torto e a direito.

Poder-se-ia dizer que casos como navio-escola são semelhantes, com o que concordo, mas aí temos um auxílio visual, o hífen, que une os dois substantivos, além de ser uma expressão fixa e consagrada pelo tempo, cujo segundo elemento, pelo menos do meu conhecimento, não se vai apondo a qualquer elemento sem nenhum critério.

Friday, August 24, 2007

Enfileirar-se e outros ditongos

Algo hoje me chamou a atenção lingüisticamente falando ao assistir à comédia Humor de Quinta. Um dos humoristas pronunciou a palavra enfileirem de uma forma que nunca tinha ouvido: enfilerem, com e aberto. O erro de ortoepia/ortoépia deu-se por se considerar que o infinitivo, por ter acento na última sílaba, é enfilerar, já que o mais comum nas línguas neolatinas é que o ditongo apareça em sílaba tônica. Daí para enfilerem foi um pulo, fenômeno que também pode ser observado corriqueiramente com o verbo roubar, que por ter um ditongo átono, vira robar e logo sua formas rizotônicas, aquelas acentuadas na raíz, viram robo, robas, roba, robam, robe, robes e robem, pronúncia essa que não faz parte do português padrão, pelo menos não até agora. O mais interessante é que no mesmo dia em que ouvi enfilerem também ouvi quemar (em vez de queimar), mas aí talvez se trate não de uma pronunciação pessoal, e sim de um regionalismo, talvez freqüente no Estado de Minas Gerais, donde a pessoa é oriunda. Já tinha ouvido trenar, termo dicionarizado, comum no Rio de Janeiro, pelo menos julgando o que tenho ouvido na televisão. Chama-me a atenção que os mesmos fluminenses eliminem o ditongo de treinar, mas o acrescentem a doze, que é pronunciado por eles como se fosse escrito douze. Mais uma vez a posição do ditongo, se átono ou tônico, explica por que surgem essas pronúncias que não correspondem à língua padrão.

Wednesday, August 22, 2007

Nova ortografia da língua portuguesa

Parece que agora não há mais volta. A reforma ortográfica da língua portuguesa entrará em vigor em janeiro do ano que vem. Há modificações interessantes na reforma, como a simplificação do uso do hífen e a eliminação do acento circunflexo em português brasileiro dos grupos ôo e êe (vôo vira voo e dêem vira deem, como já é o caso em Portugal), mas não me agrada abandonar o trema, que nos ajuda a pronunciar corretamente os grupos gue, gui, que e qui, e também eliminar o acento de paroxítonas em éia e éio (idéia passa a ideia, grafia já oficial Portugal). Creio que teremos dificuldades em pronunciar corretamente as palavras novas que se nos depararem e teremos de recorrer ao dicionário, o que já fazemos/devemos fazer no caso do x. Poder-se-ia argumentar que não se marca com acento grave ou agudo o timbre aberto ou fechado do e e do o como se fazia até a década de 70 com o chamado acento diferencial (o almôço e eu almoço), coisa da qual não sentimos falta, mas é que nós da velha guarda sempre olhamos com maus olhos qualquer tipo de modificação. Ainda serão necessários anos e talvez gerações até que a nova ortografia, que por sinal atingirá apenas 2% das palavras do português na variante brasileira, seja plenamente implantada, o que implicará o treinamento de professores e a reimpressão de livros, ônus que agravarão ainda mais a economia de um país como o nosso, que tem preocupações muito mais prementes do que eliminar este ou aquele acento. Como se manterá a distinção entre Portugal e Brasil em algumas palavras (económico e econômico, respectivamente, por exemplo), qual é a vantagem de termos uma reforma que não chegará a todo o léxico compartilhado pelo mundo lusófono? O argumento de que o português tem duas ortografias e isso dificulta a sua penetração como língua de cultura no mundo nunca me convenceu, haja vista o inglês, língua franca que possui dois sistemas de escrita, o britânico e o americano, o que nunca lhe impediu chegar ao posto que ocupa no mundo.

Orthographe

Je n'ai jamais compris pourqu'on en français on dit orthographe et pas orthographie. Les mots composés du grec γραφία (graphia) se terminent toujours par graphie en français, sauf orthographe. Je voudrais bien y trouver une explication.

Thursday, July 5, 2007

Zaretušovat

Jednoho dne mě napadlo, že sloveso zaretušovat má dvě předpony. První se pozná snadno: za. To je jedna z mnoha českých předpon, jež tvoří dokonavá slovesa. Druhou, re, rozpoznáte jenom, pokud máte znalosti francouzštiny nebo jiných jazyků používajících tutéž předponu. Retušovat pochází z retoucher (re = zase, toucher = dotýkat se), ale je možné, že toto slovo přišlo do češtiny z němčiny, jazyka, jenž dal češtině mnoho slov. Neznám žádná jiná slova, která mají dva prefixy.

Roboti

Nikdy bych řekl, že množné číslo podstatného jména robot je roboti. Je zajímavé, že Češi považují roboty za lidi a dávají jim znaky živých bytostí, jako například množné číslo na i (pomyslete na student - studenti a telefon - telefony v prvním pádě).

Monday, July 2, 2007

Elfenbein

Heute ist mir aus heiterem Himmel eingefallen, dass das Wort Elfenbein auf die von mir betrachtete alte Bedeutung von Bein = Knochen zurückgeht. Ich kam auf die Idee, als ich daran dachte, dass das niederländische been sowohl Bein als auch Knochen bedeutet (sieh das englische bone), mit dem einzigen Unterschied, dass der Plural der ersten Bedeutung benen und der zweiten beenderen lautet. Ich legte meinem Schüler die Herkunft des Wortes aus und fragte mich, was Elfen bedeuten könne, zu dem brachte mein Schüler vor, es könne Elefant heißen. Ich lehrte den Schüler, wie man Elefant auf Deutsch sagt, aber heute Abend, als ich heimkehrte, stellte ich fest, dass der Schüler Recht hat. Ich muss es ihm morgen ausrichten.

Monday, June 25, 2007

A caixa

Não, não estou a referir-me ao receptáculo onde muitos de nós colocamos tantas coisas. Refiro-me à pessoa do sexo feminino cuja função é registrar os produtos comprados em um supermercado, por exemplo, receber o dinheiro referente às compras e devolver ao cliente o eventual troco.

Sempre escrevo sobre aquilo que percebo na linguagem dos outros, mas hoje vou escrever sobre algo que pronunciei há alguns dias. Veio-me assim espontaneamente a caixa para me referir à mulher que me tinha atendido naquele dia. Repeti a palavra umas duas vezes e apercebi-me daquilo que estava dizendo, mas o meu interlocutor, por não ser tão atento a estas questões como eu, nada disse (ou se pensou, resolveu calar-se).

Eu tinha de alguma forma internalizado que a palavra caixa é substantivo feminino quando se trata do recipiente e masculino sempre (o caixa) quando se está falando da pessoa, homem ou mulher, que exerce essa função. Acontece que a língua portuguesa tende à explicitação despudorada do gênero/sexo, muito mais do que as suas línguas irmãs quando se trata de profissões, daí eu ter empregado a palavra da forma como o fiz. Felizmente acabo de descobrir que o meu uso (que não deve ser minoritário) está registrado oficialmente, como se pode ver no famoso dicionário Houaiss, disponível em linha.

Thursday, June 21, 2007

Esmero

Escutando depois de longos anos a canção A Casa, de Vinicius de Moraes, dei-me conta do por que eu ter pronunciado erroneamente por quase toda a minha vida a palavra esmero. A primeira vez que ouvi a palavra foi na música A Casa, e eu, que não conhecia a palavra, peguei a pronúncia que ouvi, que tem o E aberto em vez do correto fechado. É possível que tenham gravado esmero propositadamente com o E aberto para rimar com zero que vem logo a seguir, ou o próprio autor, não sabendo da pronúncia correta da palavra, fê-la rimar com o algarismo que todos corretamente pronunciam com o timbre aberto.

Monday, June 18, 2007

Chego; o pipa

Parece que o tal do chego como particípio passado, uso que não lhe corresponde, chegou para ficar. Até um tempo atrás, não se ouvia falar nele, mas parece que agora é só o que dizem. Hoje fizemos na escola uma pesquisa informal em que os participantes tinham de decidir qual era o correto: já tinha chego e já tinha chegado e apenas 4 pessoas de 15 deram a resposta correta (três professoras). Lamentável! O pior é que são 99% crianças e adolescentes que provêm de boas famílias, que estudam em escolas particulares, não são gente de favela. Ainda estou inconformado! E o pior é que me lembro que a primeira pessoa a quem ouvi o mal fadado chego é sangue do meu sangue, uma prima minha, uns três anos atrás. Até então meus ouvidos não conheciam esse aborto lingüístico.

Outra coisa que me espanta muito ouvir atualmente é o pipa/meu pipa. Quando eu era criança, todos dizíamos, e com razão, a pipa, mas da minha infância até aqui parece que tanta água já rolou que até lhe trocaram o gênero à pipa. Pergunto-me se estas duas monstrosidades têm alcance nacional ou mesmo estadual. Com a globalização em que vivemos atualmente, não me surpreenderia que alguém já tenha "exportado" essas novidades.

Sunday, June 17, 2007

Não temeis

Não há absolutamente nada de errado com o título desta postagem. Acontece que esta frase, neste tempo verbal, se encontra no presente do indicativo, e não no imperativo negativo de vós (não temais), tomado do presente do subjuntivo (que eu tema, que tu temas, etc.), que foi o que o quis dizer o Príncipe Encantado do filme Shrek Terceiro, que vi hoje na cidade de Bauru. Cidade que por sinal já começa "bem" lingüisticamente desejando às pessoas que chegam um Bem vindo à Bauru (sic), sem hífen e com um acento grave que sobeja.

Friday, June 8, 2007

Daqui

Hoje na frente de um edifício vi algo como Pague o seu empréstimo daqui 90 dias. Acho que não é a primeira vez que vejo daqui usado como preposição, como é o caso nessa frase, mas não me lembro de o ter ouvido assim tão freqüentemente. A palavra daqui, advérbio que é, formado da preposição de mais o advérbio aqui, parece ter sido reinterpretada como preposição, o que dispensaria o uso do a, que seria necessário aqui, pelo menos oficialmente.

Thursday, June 7, 2007

Garçonete

Today while talking to someone who is learning Portuguese, I heard the word garçonete, which gave me lots of food for thought. Here's what I think about it:
Garçonete is the Portuguese feminine of garçom, waiter. Garçom comes from French garçon, boy, whose feminine form is (jeune) fille. What happened is that we Portuguese speakers added the French suffix -ette adapted to -ete to conform to Portuguese spelling rules to a word that in French could never accept such a suffix, for an existing different already exists. Thinking about this, I remembered what I've heard in English sometimes (and which I don't care for), usherette. That's a French suffix on a word that's not French! That's how languages work, I guess, lending to and borrowing from one another shamelessly.
I remember reading some time ago that some purists in the Portuguese language suggested garçoa ages ago as the feminine form of garçom, but obviously (and to my displeasure) that form didn't catch on.

Voz passiva com verbo transitivo indireto

Sempre se soube e sempre se repetiu nas aulas de gramática na escola que não é possível em português a voz passiva de verbos transitivos indiretos, com que concordo plenamente. Entretanto, ultimamente têm-se visto muitos exemplos de verbos que cumprem essa condição usados na voz passiva. Hoje mesmo li algo como Perguntado sobre o aquecimento global, o presidente dos Estados George Bush, etc. Pergunta-se algo a alguém, a pessoa é objeto indireto, logo essa frase não é/seria possível da forma que a redigiram. Acho que isso se pode explicar por influência da língua inglesa, que, pelo que me consta, só não aceita a voz passiva com verbos intransitos. Em português teria sido mais adequado Quando perguntaram ao presidente George Bush sobre blá-blá-blá.

Edição: Pensando bem, é também possível que haja uma analogia com verbos semanticamente parecidos como indagar e questionar, que por serem transitivos diretos, admitem a voz passiva.

Tuesday, June 5, 2007

Suporte técnico

Já falei várias vezes das traduções muitas vezes mal feitas ou feitas às pressas, mas muitas dessas traduções parece que chegaram para ficar. É o caso de suporte técnico. Suporte técnico é a tradução literal do inglês technical support, mas ocorre que support em inglês não equivale a suporte em português. Support é, primordialmente, apoio, então seria mais português dizer apoio técnico, assistência/ajuda técnica, mas será que ainda há tempo? Poderiam argumentar que a assistência técnica se refere ao local físico aonde se levam aparelhos defeituosos para que se proceda ao seu reparo e o suporte técnico é um número que chamamos para sermos auxiliados por telefone em caso de problemas com as geringonças que poluem o nosso ambiente doméstico, mas sinceramente, eu acho tal diferenciação irrevelante e doeria menos à língua portuguesa se se deixasse de lado.

Monday, June 4, 2007

Ortografia catalana

No he mai comprès perquè en català s'escriuen coses com morfosintàctica amb una s. Tothom sap que una s sola entre dues vocals ha de pronunciar-se com z, però en aquest mot i en molts altres no és aquest el cas. Potser perquè aquí es tracta d'una paraula composta? Si qualcom té la resposta, si us plau, que me la faci arribar.

Sunday, June 3, 2007

On the Internet

Why aren't languages consistent as to what preposition to use with the word Internet? Some go in: Portuguese na Internet, Spanish en Internet, Polish w Internecie, Russian в Интернете, German im Internet; others go on: Czech na Internetu, English on the Internet, Dutch op Internet, Italian su Internet, Swedish på Internet? Why do some consider Internet something comfy where things are snuggly nested in, whereas others consider it a boring surface where all sorts of stuff can be found?

Superbem

É possível que você, assim como eu, ao ver a palavra do título a tenha lido supérbem. E por quê? Simplesmente porque as palavras terminadas em -em são paroxítonas, ou seja, acentuadas na penúltimas sílaba, veja o caso de comem, bebem, fazem, bebem, etc. Mas não é o caso aqui. Veja o que acabo de ler na revista Época desta semana, num artigo que fala da timidez:

Em vez de achar que a baixa auto-estima é uma maldição - e tentar desesperadamente inflá-la a níveis estratosféricos para que todos se sintam superbem consigo próprios o tempo inteiro -, deveríamos perceber que ela pode servir de medida para apontar como estamos nos saindo em nossos contatos sociais.

O prefixo latino super é empregado em português coloquial (e espanhol também) como advérbio de intensidade, semelhante a um muito. Como advérbio de intensidade, deveria ser escrito separado do adjetivo ou advérbio que acompanha por ser palavra autônoma. Como é paroxítona terminada em r, deve levar um acento (súper bem), mas o fato é que a gramática ainda não deu conta do super com esse valor e por isso não se pronunciou a respeito. Mas se quiserem, podem usar a minha constatação e não precisam pagar direitos autorais.

Sarau jantante

Meu amigo convidou-me para um sarau jantante, que é uma ocasião em que as pessoas ouvem música, lêem poesias e participam de outras manifestações culturais enquanto jantam, e não poderia ter-me passado despercebido o tal jantante. A terminação portuguesa -ante remonta ao particípio presente latino em -ns, genitivo -ntis, que era usado com valor ativo em orações de plano semântico semelhante às adjetivas: homines laborantes = homines qui laborant (homens que trabalham). Por ter significado ativo, isso implicava que a palavra à qual se referia o particípio presente fazia as vezes de sujeito, e é aí que quero chegar. Como é possível que um sarau, substantivo inanimado, jante? Logicamente isso não é possível, mas a analogia com outros adjetivos terminados em -ante fez com que se perdesse a noção original dessa classe de palavras. Fenômeno semelhante acontece no Brasil quando se empregam palavras como vestibulando ou formando. Esse ando é o que chamamos de gerúndio, que deriva do gerundivo latino, que originalmente tinha valor passivo (contrariamente ao particípio presente, como já vimos). Uma expressão comuníssima que utiliza o gerundivo em latim é Delenda Carthago = Cartago deve ser destruída. O gerúndio em português, pelo menos em tese, só pode ser formado a partir de verbos, mas existe o verbo vestibular? Pelo que me consta não, mas já há vários anos há o substantivo vestibulando, aquele que vai prestar vestibular. Da mesma forma, por que não se criou vestibulante, a par de estudante? São questões que acredito nunca encontrarão resposta. Formando, forma nominal do verbo formar (-se), passou a substantivo, mas tal passagem sempre foi possível de infinitivo para substantivo, a chamada derivação imprópria: O fumar faz mal à saúde.

Coisas da língua.

Thursday, May 24, 2007

Casado de novo

É claro que sei que casado de novo, comumente usado na forma do diminutivo casadinho de novo, significa recém-casado, mas todas as vezes que o ouço, o primeiro pensamento que me vem à cabeça é que se trata de alguém que casou novamente.

Tuesday, May 22, 2007

Crazy Spanish vowels

Here I refer as crazy Spanish vowels to those vowels that are not in accordance with cognates in other languages, particularly Romance:

Sp. asamblea, Port. assembléia, It. assemblea, Eng. assembly, Fr. assemblée
Sp. asesinar, Port. assassinar, It. assassinare, Eng. assassinate, Fr. assassiner
Sp. vivir, Port. viver, It. vivere

I'm sure other words will occur to me eventually. It seemed that I had many more yesterday when I thought of starting this post.

Monday, May 21, 2007

Vermifugar

Hoje vi num restaurante, o mesmo donde tínhamos saído meu amigo e eu antes de discutirmos a palavra fertilíssimo (noite indubitavelmente ubertosa), um aviso sobre a venda de duas gatas que tinham sido vacinadas, castradas e vermifugadas. Esse vermifugadas chamou-me a atenção, pois não me lembro de o ter visto antes antes. Imediatamente tirei uma caneta do bolso e comecei a escrever os meus pensamentos na toalha de papel sobre a qual estava o meu prato de sobremesa. Decompus a palavra em vermis + fugare. Vermis é um substantivo latino de terceira declinação cujo genitivo termina em -is. O fato de ser usado aí o genitivo não é de estranhar, já que o latim recorria a esse caso para formar palavras compostas (cf. terraemotus, movimento da terra, que deu terremoto em português - em Portugal pelo que tenho lido é terramoto). Fugare pode ser considerado um causativo latino do verbo fugere, fugir, que vem a ser pôr em fuga, afugentar. Antes de escrever estas minhas impressões, fui ao dicionário para obter mais informações a respeito do verbo vermifugar, e não é que este não se encontra lexicalizado, pelo menos não no meu dicionário, que já está um tanto passadinho! Sem embargo, encontrei vermífugo. Provalvemente se terá criado o verbo a partir do substantivo, o que não é fato raro. O que me intriga é que a frase passiva em português gata vermifugada implica uma voz ativa: vermifugaram a gata, em que a gata cumpre a função de objeto direto. Mas, pelo menos etimologicamente, o objeto direto encontra-se já no próprio verbo, o que faria com que a oração em português tivesse dois objetos diretos, o que é tecnicamente impossível! Línguas como o latim e o alemão permitem dois objetos diretos, mas mesmo nesta última verifica-se uma tendência a transformar o objeto direto representado por pessoa em objeto indireto: ich lehre ihm das Rechnen em vez de ich lehre ihn das Rechnen. É claro que no verbo vermifugar desapareceu da cabeça do falante comum a idéia de objeto direto já embutido, o que lhe permite acrescentar o complemento que mais lhe aprouver, mas não deixa de ser interessante esta discussão.

Fertilíssimo

Hoje um amigo meu, numa conversa informal, disse que tinha a imaginação fertilíssima. Depois que terminou a frase, intervim e falei-lhe a respeito da impressão que me causou a palavra, da qual passo a discorrer:
Os adjetivos em -il em português (fértil, difícil, fácil, etc.) derivam de adjetivos latinos em -ilis (fertilis, difficilis, facilis) cujo superlativo sintético terminava em -imus: fertilimus, difficilimus, facilimus. Ocorre que tanto a palavra fácil quanto difícil são dadas nos livros de gramática (e na vida real) como tendo superlativos "irregulares" em português, a saber, facílimo e difícilimo. A pergunta que me fiz foi: se ocorreu assim com esses dois adjetivos, não teria ocorrido o mesmo com fértil, de igual terminação? Cheguei a casa e recorri ao pai-dos-burros, como é carinhosamente chamado o dicionário no Brasil, e este não me deu nenhuma indicação com relação ao superlativo do adjetivo fértil, que me faz pensar que este é regular segundo as regras da língua portuguesa, fertilíssimo portanto. No Google aparecem 846 páginas em português com fertilíssimo e nenhuma com fertílimo. O que mais me chama a atenção é que esses três adjetivos chegaram ao português por via popular, mas tenho minhas dúvidas quanto a facílimo e dificílimo. Talvez apender ao adjetivo fértil o sufixo íssimo seja mesmo o mais sensato, e quem não gostar que se contente com ubérrimo.

Saturday, May 19, 2007

Numbers

Numbers in all languages seem to be something that deserves our attention, since they can sometimes behave in quite unpredictable ways.

In Basque, for example, numbers are placed before nouns, as seems to be the case with most Indo-European languages, except the word for one, bat, placed after the noun. Etxe bat (one house), bi etxe (two houses). Although Basque has the plural, it's not used after numbers.

Latin for one, two and three had three forms: unus (m.), una (f.), unum (n.); duos (m.), duae (f.), duo (n.), tres (m./f.), tria. The three-gender two has partly been preserved in Portuguese (dois, m; duas, f.), Romanian (doi, m.; două, f./n.) and Catalan (dos, m.; dues, f.). French, Italian and Spanish have only one word for that number: deux, due, dos, respectively. Romanian also boasts an interesting feature: numbers beginning at 20 have to be preceded by the preposition de: două case (two houses), but douăzeci de case (twenty houses). Spanish and Portuguese hundreds agree in gender with the noun they modify: doscientos hombres/duzentos homens (two hundred men), doscientas mujeres/duzentas mulheres (two hundred women).

Slavic languages have their fair stock of complexity when it comes to numbers, since here gender, number and case have to be taken into consideration. One has three forms in Polish, Czech, Russian and Macedonian: jeden, jedna, jedno; jeden, jedna, jedno; один, одна, одно; еден, една, едно, respectively, and are followed by the nominative or accusative singular. The number for two has two forms, in which sometimes the masculine agrees with the neuter (Polish dwa, Russian два) or the feminine agrees with the neuter (Czech dvě). Numbers 2 to 4 are followed by nouns in the genitive singular in Russian, but not in Polish and Czech, which require nominative or accusative plural instead. In all the Slavic languages discussed in this post except Macedonian, numbers 5 upwards all require the genitive plural, except Russian when tens end in 1, 2, 3 or 4 as in 21, 22, 23, 31, 32, 33, etc. Macedonian, having lost almost all its cases, uses numbers with singular or plural nouns, as in English, except that monosyllabic words with numbers from 2 to 10, especially, very commonly end in a: два дена (two days), instead of the regular два денови.

There's more: Polish numbers have a special form when they are used with animate nouns, which doesn't occur in the other Slavic languages I've mentioned:
Na stole leżą dwa notesy. - There are two notebooks on the table (notes, notebook, is inanimate).
W pokoju stoją dwaj panowie. - There are two men in the room (pan, singular of panowie, man, is animate).
Instead of dwaj, the more colloquial genitive form dwóch could be used, which, oddly enough, requires a singular verb and a noun in the genitive plural:
W pokoju stoi dwóch panów.

Slovak is like Polish here, but unlike Czech:
Na stole ležia dva zošity/notesy.
V pokoji stoja dvaja páni.

In Czech you would have dva in both cases:
Na stole leží dva sešity.
V pokoji stojí dva páni/pánové.

Slavic languages also have an interesting set of numbers that are used with nouns that come in pairs, like scissors, pants, and so on, or that only exist in the plural form, the so called pluralia tantum, which, it goes without saying, also need to be declined in gender, number and case. After these numbers, Polish, Slovak and Russian require genitive plural and Czech, nominative/accusative plural.
Polish: Mam dwie gazety. (I have two newspapers).
Mam dwoje okularów. (I have two pairs of glasses).





Some German numbers can be declined, although in practice they seldom are: Die Liebe zweier Brüder (the love of two brothers).

And Japanese has the counters. Numbers cannot just be placed before a noun. You need to know the exact counter that goes with such and such word based on the shape of the concept you have in mind. There are counters for long objects like bananas and umbrellas, counters for buildings and houses, counters for small animals, counters for sheets of paper, etc.

Thursday, May 17, 2007

Se quer dirigir-se

Hoje li uma frase que me pareceu estranhíssima: Também se usa a palavra mate quando se quer dirigir-se de maneira agradável a outra pessoa, principalmente homem.

É a repetição do se que me incomoda. Apesar de saber que o primeiro se é o índice de indeterminação do sujeito e o segundo é um pronome reflexivo que faz parte do verbo dirigir-se, tenho sérias dúvidas quanto à gramaticalidade e à idiomaticidade da referida frase. Eu a considero marginal. Reformulá-la-ia a frase assim: Também usamos/usam a palavra mate quando queremos dirigir-nos/querem dirigir-se de maneira agradável a outra pessoa, principalmente homem. Vou fazer esta pergunta ao Ciberdúvidas e depois publico aqui a resposta que me deram.

Eis a resposta que me deram.

Monday, May 14, 2007

ů in masculine -a words

It came as a surprise to me that Czech masculine nouns ending in -a do not follow the feminine paradigm in the plural, unlike Polish and Russian, and do so only in the singular. Instead, it uses a ů in that case, which is standard for masculine nouns ending in a consonant.

Polish: Książki tych polskich poet są czytane na całym świecie. (The books of those Polish poets are read all over the world./Those Polish poets' books are read all over the world.) Poeta, a masculine noun, has a zero ending in the genitive plural.
Russian: Жены этих мужчин больные. (The wives of those men are sick/Those men's wives are sick). Mужчинa has a zero ending.
Czech: Příběhy těch hrdinů jsou známé v celé zemi. (The stories of those heroes are known in the whole country./Those heroes' stories are known in the whole country.) Hrdina, ending in -a, has a ů genitive.

Look, however, that the three languages have a zero ending for feminine words ending in -a in the plural:

Polish: Kapelusze tych żon są drogie.
Russian: Шляпы этих женщин дорогие.
Czech: Klobouky těch žen jsou drahé.
English: The hats of those women are expensive./Those women's hats are expensive.

Monday, May 7, 2007

Adnominal Adverbs in Japanese

Perhaps Japanese linguistics literature calls it by a different name but by adnominal adverbs I mean a construction wherein the main verb or the sentence as a whole is modified by an adnominal modifier to a noun in the sentence. How abominable and twisted! An example is;
小耳にはさんだ
komimi-ni hasanda
smallEar-LOC holdPast
I just happened to hear that (...)
A literal translation of the expression is, "I've held in the small ear that." Just in case an idiomatic expression confuses the reader, mimi-ni hasamu (to hold in the ear) is a Japanese expression meaning "to hear a rumor or news."

Now, the ko- (small) which is a prefix modifies the noun to create "small ear" but in this construction is used as a modifier to the whole sentence or the verb. That is to say, it means that the way the action of knowing the news is small; casual, slight, unintentional or fragmentary information.

Until yesterday I thought adnominal adverbs were a small set of idiomatic expressions with affixes (首をかしげる, ご飯ばかり食べる etc.). This, however, seems not to be the case. The following adnominal adverb is made by the genitive marker no- and the construction looks rather productive:
観念の眼を閉じる
kannen-no manako-o todžiru
resignation-GEN eye-ACC close
close one's eyes in resignation
This blog entry does not have a conclusion but is a small note of what occurred to me like a sunrise in the desert.

Sunday, April 29, 2007

Stress on Italian infinitives

Italian verbs ending in -ere can be accented on the penultima or the antepenultima (more common). I wonder if there's any logic in that. When I compare it to Latin, I can't see any cogence between the original form and the spinoffs. Latin legere was stressed on le, and has kept that stress in Italian leggere. Latin debere was stressed on be and has kept that stress in Italian dovere, but descendere, stress on scen, comes from Latin descendere, stress on the the second de; Italian ridere, stress on ri, comes from Latin ridere, stress on de; and Italian muovere, stress on muo, comes from Italian movere, stress on ve.

Stress in Latin is more predictable than in Italian. If you know the first person singular of the present indicative of a given verb, you know how to properly accentuate a verb. The ending -eo for that person comes up in verbs with the stress on the penultima (deleo, from delere, to destroy). The ending -o occurs with verbs with the stress on the antepenultima (lego, from legere, to read). The same unfortunately can't be said about Italian, which, nevertheless, has the stress on the antepenultimate syllable in most infinitives, irrespective of etymology.

Triglicérides

Noto há algum tempo que 99% das pessoas ao meu redor dizem triglicérides. Essa palavra não se encontra dicionarizada, pelo menos não no meu Aurélio, que, confesso, tenho de atualizar. Aparece só triglicerídeo, que sempre ouço à minha tia, e triglicídeo, a minha preferência. O Google dá 129 000 páginas em português com triglicérides, que eu acredito deve ter-se formado por influência do inglês triglycerides, 127 000 para triglicerídeos, e apenas 55 para a minha favorita, triglicídeos. Entre a "incorreta" triglicérides e a correta triglicerídeos, fico com a primeira. Seria interessante perguntar aos médicos com quem tenho contato qual é a forma que preferem para ver se há algum consenso na comunidade médica.

Wednesday, April 25, 2007

Padronizar

Mais uma vez no livro E ele escolheu os cravos, lê-se Nosso Senhor não nos padroniza ou zomba de nós. Mais uma vez foi dada a uma palavra portuguesa uma acepção que não lhe corresponde. O original dessa frase deve ser Our Lord does not patronize or derides us. Pela semelhança entre patronize e padronizar, o tradutor inadvertidamente lançou mão de um falso cognato, cujo significado real em português é de tornar algo padrão, estandardizar. Poderia ter escrito algo como Nosso Senhor não nos trata com condescendência nem nos ridiculiza. Como se vê, optei por ridiculizar, pois zombar de alguém não me parece apropriado para um livro como este pelo seu caráter altamente coloquial.


Passive voice in Portuguese

It is known that Portuguese does not allow the passive voice of verbs followed by prepositions, unlike English. Here is a sentence I found in the same book from which I extracted the piece about praguejar/plague: Desde o gole naquela taça de vinho, Jesus havia sido cuspido, cortado, humilhado e açoutado (my translation: since the sip from that wine glass, Jesus had been spat at, cut, humiliated and flogged). The Portuguese doesn't sound very idiomatic to me and looks like a direct and careless translation from the English sentence, which has spat at, a verb followed by a preposition. As you must cuspir em alguém (spit at someone) with a preposition after the verb, here is a way to save that sentence: Desde o gole naquela taça de vinho, cuspiram em Jesus e logo depois o cortaram, humilharam e açoutaram, in the active form.

O abacaxi da vida

Um aluno recentemente me disse a seguinte frase de sua autoria: Se a vida lhe der um abacaxi, arranque-lhe a coroa e torne-se um rei. A frase pareceu-me interessantíssima pelos seguintes motivos: o abacaxi é uma metáfora, uma comparação com as agruras da vida, semelhantes a esse fruto por serem de difícil acesso dada a "casca" que as recobre. Aí também há uma personificação ou prosopopéia representada por vida, que é antropomorfizada e é capaz de dar algo a alguém, como se tivesse intenções e mãos. Encontra-se também a catacrese, figura de linguagem que nomeia um objeto baseado na semelhança que guarda com outro. É o caso da coroa, originalmente ornamento que se põe na cabeça de monarcas, mas por semelhança com a parte superior do acabaxi, empresta-lhe o nome.

Pencil, tombstone

It occurred to me today that the same Latin word lapis (stone) became lápis (Portuguese), lapis (Italian) and lápiz (Spanish) meaning pencil, and lápide (Portuguese), lapide (Italian) and lápida (Spanish) meaning tombstone. I understand how Portuguese and Italian got lápide/lapide from Latin lapis. Lápide coincides with the Latin ablative of lapis: lapide, but why Spanish has lápida puzzles me.

Thursday, April 19, 2007

Alopecia

Parece haver certa oscilação na pronúncia de alopecia. Já ouvi alopecia (acento no ci) e alopécia. O dicionário Aurélio registra apenas alopecia, com acento no ci. Isto deve-se à velha dicotomia entre a acentuação latina e a grega, o que explica também por que línguas tão semelhantes, como o espanhol e o português, compartilham palavras de idêntica escrita mas de pronúncia diferente (cf. terapia em português com acento no pi e terapia em espanhol com acento no ra). Alopecia chegou-nos do latim alopecia, que, por ter a vogal i curta, fazia retroceder o acento à sílaba pe. Alopecia em latim veio do grgo ἀλωπεκία, que tem acento na sílaba ki. Acontece que na maioria das vezes quando uma palavra nos chega do grego por intermédio do latim, nós, como bons filhos de Rômulo e Remo, pronunciamo-la à latina, o que constituiria uma silaba na prosódia original grega.

Semelhante oscilação, embora lexicografada, acontece com o italiano alopecia, que pode ser lido alopecía, alopêcia ou alopécia (estes acentos segundo o sistema português servem apenas para ilustrar a pronunciação e não são gráficos), segundo o dicionário Garzanti. Já o espanhol parece ter-se contentado com um alopecia com o acento na sílaba pe.

Pois bem, aqui resta a pergunta que não quer calar: deveríamos dizer as palavras obedecendo à pronúncia original ou seguir da melhor maneira possível, desde que não entre em conflito com as leis fonéticas da língua portuguesa, a pronúncia do idioma que nos deu diretamente a palavra? Daí reside a diferença entre os brasileiros, que dissemos a mídia (semelhante à pronúncia em inglês do media latino, plural de medium), e os portugueses, que pronunciam e escrevem média: os média, em que há uma aparente incongruência na regência nominal pelo fato de o artigo os, plural, ser seguido por uma palavra que nos parece feminina.



Wednesday, April 18, 2007

praguejar

Someone once said Traduttore, traditore (translator, traitor) and that is the case when deliberate changes are done to the translation, but that is not so in the fragment I read in E ele escolheu os cravos, a translation from And he chose the nails. Here's what it says:

Destas mãos vieram os gafanhotos que praguejaram o Egito e o corvo que alimentou Elias. (My translation back into English: From these hands came the locusts that plagued Egypt and the raven that fed Elijah.)

But the problem is the word praguejar. I know that's the intended meaning is to plague because I know English, but Portuguese praguejar means, above all, to swear, as when you are mad. A similarity in form misled the translator, or, in other words, that's a false friend between Portuguese and English. If he had been more attentive, he would have chosen something like Destas mãos vieram os gafanhotos que assolaram/devastaram/atacaram o Egito e o corvo que alimentou Elias.

Monday, April 16, 2007

Margaritas ad porcos

Today I mentioned to someone the Latin expression margaritas ad porcos (pearls to the swine) and wondered if it was possible to use the word margarita as pearls in Romance languages. Even though I'd never heard margarita (Portuguese/Spanish/Italian) with that acceptation, only meaning daisy, the flower (margarida in Portuguese, margarita in Spanish and margherita in Italian), so I looked it up and learned it IS possible. I'm looking forward to using that word in casual conversation and baffling my interlocutor.

Unfortunately that word apparently doesn't have the pearl use in Romanian, French and Catalan. At least I didn't find it.

Obrigadinho

For the first time in my entire life today I heard a Brazilian use that word, the diminutive form of obrigado, thanks. The Portuguese are proverbially known for using it, but I'd never heard it from the mouth of a Brazilian before. It certainly put a smile on my face.

Zeugma

Yesterday while reading a magazine on Portuguese, I came across zeugma being used as a feminine noun, which struck me as odd, since I'd always heard and used it myself as a masculine noun (o zeugma and not a zeugma). I went to the dictionary to check which one was right, me or the magazine, and to my great surprise I found out zeugma can be masculine and feminine, an unusual phenomenon for inanimate words in Portuguese. Anyway, I still prefer o zeugma since it comes from a Greek neuter word and has the company of other -ma words that are masculine: o teorema, o problema, o morfema, o fonema, all of Greek descent.

I remember a word that has two genders in Portuguese, but that's due to national preferences: o sanduíche (Brazil), a sanduíche (Portugal).

Suabarácti and anaptixe

I learned these two wonderful words in Portuguese today while pondering about the Portuguese word for pearl (pérola) and comparing it with Spanish and Italian perla. It puzzled me why we had that extra o and suabarácti, a word of Sanskrit origin, explains it. Suabarácti (or anaptixe) refers to adding a vowel between consonants. Another example that the dictionary gave was barata (cockroach), formerly brata, and this one from Latin blatta.

Bar até as vinte e quatro horas

Close to my house there is a bar called Bar até as vinte e quatro horas. I've always wondered if that means it is open until 12 a.m. or whether it becomes something else after that time. :)

Saturday, April 14, 2007

Long Final Syllables

Technology-related documents in Japan now tend to delete the macron symbol from words when it appears at the end of the words. E.g., ベンダ instead of ベンダー (vendor), ユーザ instead of ユーザー (user) and アーキテクチャ instead of アーキテクチャー (architecture). While this may only be a change in notation, I sense it partly reflects change in actual pronunciation.

The standard pronunciation of ベンダー is bendā and that of ユーザー, zā (where the bold parts indicate accent). Anglo-Japanese words were initially pronounced with stress as the original English words. These pronunciations are still valid in general parlance but becoming obsolete in sectors of the society where they are encountered everyday like bread and butter. Pronunciations that are "in" typically shorten the final vowel and remove stress; thus benda and yūza. Whether it reflects the actual pronunciation or is being reflected there, the notation without a final macron is on the increase. As the law of opposition dictates, bendā and zā are now seen as a sign of the uninitiated.

I wonder if shortening of the final long vowel and loss of the accent are related phenomena. Or more accurately, long vowels in Anglo-Japanese may represent relative weakness/lowness of articulation. This is supported by アーキテクチャ, which preserves the accent on テ despite the loss of the final macron and ユーザ, where the second syllable is pronounced with a higher pitch compared to the first long syllable.

Sunday, April 8, 2007

Móveis e cozinhas planejadas

Hoje vi uma propaganda que dizia Móveis e cozinhas planejadas. Fiquei sem saber se são só as cozinhas que são planejadas ou se os móveis também. Aí entra em jogo a concordância nominal, que diz que em casos como este quando o adjetivo é posposto a uma série de substantivos a concordância se faz com o todo (neste caso masculino plural) ou com o mais próximo. Mas o problema é que se a concordância for feita só com o elemento mais próximo, pode haver ambigüidade, o que me parece ser o caso desta frase. Acho que só ligando para a loja se poderão obter maiores informações.

Saturday, April 7, 2007

Quirodátilo e outros dátilos

Explicando a uma aluna médica a diferença entre finger e toe, que correspondem ao dedo da mão e do pé, respectivamente, aprendi com ela um termo médico belíssimo que gostaria de compartilhar com vocês: quirodátilo, dedo da mão. O dicionário também nos ofere a variante quirodáctilo, mais próxima ao étimo grego (quiro = mão, dactilos = dedo). Em grego moderno temos χέρι (khéri) = mão e δάκτυλος (tháktilos) = dedo. Curioso como sou, inquiri no dicionário se havia pododátilo, dedo do pé, e não é que existe (ao lado de pododáctilo)! Em grego moderno pé é πόδι (póthi) (o th de tháktilos e póthi devem ser lidos como o th sonoro do inglês como em this e those, por exemplo). Outra palavra como elemento δάκτυλος é pterodáctilo, aquele que tem dedos nas asas. Asa em grego moderno = φτερό (fteró).

Thursday, April 5, 2007

Grita

Hoje pela primeira vez na vida vi grita como substantivo: O governo britânico quer uma grita internacional contra o regime do presidente Mahmoud Ahmadinejad, que está se especializando em provocar o Ocidente. Imaginei primeiro que se tratava de um erro tipográfico, mas não me pareceu provável, pois o modificante uma também se encontra no feminino, então imediatamente recorri ao dicionário, que dá como acepção 1 o mesmo que gritaria e acepção 2 Clamor de vozes; alarido, grito. Lembrei-me do italiano, que, para grido, dispõe de dois plurais: gridi e grida. Diz-se que gridi, masculino plural, se refere ao grito dos animais e grida, feminino plural, ao dos homens, mas não sei por quê, isso nunca me convenceu muito, apesar de os usar corretamente. O plural em -a do italiano vem dos substantivos neutros em -um, com plural em -a no nominativo, vocativo e acusativo, mas não me consta que existisse em latim quiritum, plural quirita. Talvez esse plural tenha surgido por analogia com outros plurais, como uova, paia, centinaia, miglia, ginocchia, etc.

Wednesday, April 4, 2007

Whose

Most languages make the relative pronoun whose agree with either the possessor or the thing possessed. To the first group belong German, Dutch, Swedish, Czech, Polish, among others; to the second, Portuguese, Spanish, Italian, etc.

Group 1:
German: Die Mütter, deren Kinder in dieser Schule lernen, sind unzufrieden.
Dutch: De moeders wier kinderen in deze school leren zijn ontevreden.
Swedish: De mödrar vilkas barn lär sig på denna skola är missnöjda.
Czech: Matky, jejichž děti se učí v této škole, jsou neuspokojeny.
Polish: Matki, których dzieci uczą się w tej szkole, są niezadowolone.
Russian: Матери, дети которых учaтся в этой школе, недовольные.

Group 2:
Portuguese: As mães cujos filhos estudam nesta escola estão insatisfeitas.
Spanish: Las madres cuyos hijos estudian en esta escuela están insatisfechas.
Italian: Le madri i cui figli studiano in questa scuola sono insoddisfatte.

By looking at that, one might think that Germanic and Slavic languages follow group 1 and Romance languages, group 2, but that is not always the case. Romanian, a Romance language, belongs to both groups 1 and 2, since two kinds of agreement must take place, with the possessor and the thing possessed:

Mamele ai căror copii se învaţă în această şcoală sunt nesatisfăcute, where ai agrees with copii (masculine plural) and căror agrees with mamele (feminine plural). By the way, the mother of all Romance languages, Latin, actually follows group 1, not 2!

Matres quarum filii in hac schola student contentae non sunt.

Passa-se o ponto

Hoje passeando em uma das avenidas principais de minha cidade, vi o famoso Passa-se o ponto, que me remeteu à minha infância, em que pensava que esses eram lugares aonde se ia para bater o ponto. Sempre me perguntava como era possível que houvesse tantos lugares para bater o ponto e por que as pessoas não o faziam no próprio local de trabalho. Só anos depois que fui entender que essa frase se refere a um estabelecimento comercial que se intenciona passar para as mãos de outra pessoa.

Monday, April 2, 2007

Lactante e lactente

Lactante (nursing mother) and lactente (suckling, baby) are two interesting Portuguese words. Lactante comes from Latin lactans, lactantis, present participle of lacto, lactare, to breast-feed; lactente, from Latin lactens, lactentis, present participle of lacteo, lactere (to suckle). Both are ultimately derived from Latin lac, lactis, milk, which became leite in Portuguese, leche in Spanish, lapte in Romanian, latte in Italian, lait in French and llet in Catalan. The stem lact can be found, for instance, in English lactate, to secrete milk and its derivative lactation, in lactic, of or relating to milk, and lactose, sugar present in milk, among others. Something else that is worthy of mention is that Latin lac, lactis, a neuter word, became masculine in Portuguese, Italian and French, feminine in Spanish and Catalan and remained neuter in Romanian.

However, all of this is not why I started this topic. The pair lactare lactere is probably the only case among Latin verbs of a causative verb built by changing the theme vowel (in this case from a to e). This reminds me of what happens in Japanese with a few verbs, one having an active meaning and the other a passive one, as in 過ごす(sugosu, to spend) and 過ぎる (sugiru, to pass); 落とす(otosu, to drop) and 落ちる (ochiru, to fall); 乾かす(kawakasu, to dry - trans.) and 乾く(kawaku, to dry - intr.) , and in English to fall vs. to fell, to rise vs. to raise and to lie vs. to lay.

Our sister language Spanish doesn't make this useful distinction regarding lactante and lactente and only knows the the former, which means both nursing mother and suckling.


Preso pela irmã

Ontem lendo uma reportagem da Super Interessante sobre Mehmet Ali Agca, o homem que disparou contra o papa João Paulo II, deparei-me com a seguinte frase: Preso pela irmã. Imediatamente imaginei que se tratava de sua irmã, que teria chamado a polícia (o pelo aí daria a idéia de intermediário) ou lhe teria dado voz de prisão (improvável). Segue o texto: O atirador tentou correr, aproveitando que a maioria das pessoas ainda não tinha entendido o que ocorrera. Mas irmã Letícia tinha. A pequena freira franciscana agarrou-se a ele gritando: "Foi você, foi você quem atirou". O homem ainda segura a sua pistola. Em seguida, policiais chegaram para prendê-lo.
Vê-se que se trata de uma religiosa que o notou entre a multidão. A escolha do título foi no mínimo lamentável por ensejar uma ambigüidade que poderia muito bem ter sido evitada se se tivesse escrito Surpreendido/Descoberto/Apontado por uma freira ou algo parecido.