Word of the Day

Monday, April 30, 2012

Chiado de um paulistano

Por que será que o doutor Drauzio Varella, que é paulistano, às vezes chia como se fosse carioca? Grifei às vezes porque nem sempre liga o "dispositivo do chiado", ativado naturalmente por cariocas, paraenses, portugueses e africanos de expressão portuguesa, entre outros, que pronunciam o s como ch antes de consoantes surdas (p, t, f, entre outras), como j antes de consoantes sonoras (b, d, g, entre outras), mas como z antes de vogal. Será porque trabalha na Globo, que fica no Rio de Janeiro? O interessante é que a própria Globo, pelo que li, parece dissuadir os atores e apresentadores cariocas de chiar nos programas transmitidos nacionalmente, porque acha que o chiado desagrada à maioria dos brasileiros, que não chiam.

Friday, April 27, 2012

Enyorança, saudade



El català, com s'ha dit, és un animal que s'enyora, propici a allò que Carles Riba anomenava “l'esclat sempre imminent de l'enyor”. Ho va dir solemnement Jacint Verdaguer: “Dolça Catalunya, /pàtria del meu cor, /quan de tu s'allunya / d'enyorança es mor.” I Pere Quart va esmenar-li la plana amb la famosa quarteta que dóna a l'enyorament un sentit positiu: “Avui en terra de França / i demà més lluny potser, /no moriré d'enyorança, /ans d'enyorança viuré.” I és que la paraula enyorança, significativament, rima amb recança i també amb esperança: recança de no tenir el bé desitjat i esperanç de tornar-lo a tenir. Per això José Antonio Marina diu que el mot català és més complet i precís que la nostalgia castellana i que la saudade portuguesa, que expressen sentiments més inconcrets i que són més passives. L'enyorament, en canvi, no només pot ser actiu, sinó fins i tot dolç, si hem de creure Josep Maria de Sagarra: “Totes les coses vistes des del mar, /quina mena de mel i d'enyorança!”

Nota: enyor, enyorament e enyorança significam a mesma coisa.

Traduzindo:

O catalão, como se disse, é um animal que tem saudade, propício ao que Carles Riba chama “o estalo sempre iminente da saudade”. Disse-o solenemente Jacint Verdaguer: “Doce Catalunha, /pátria do meu coração, /quando de ti se afasta / de saudade morre.” E Pere Quart superou-o com a famosa quadra que dá à saudade um sentimento positivo: “Hoje em terra de França / e amanhã mais longe talvez, / não morrerei de saudade, mas sim de saudade viverei.” E é que a palavra enyorança (saudade), significativamente, rima com recança (= pesar ) e também com esperança: pesar de não ter o bem desejado e esperança de tornar a tê-lo. Por isso José Antonio Marina diz que a palavra catalã é mais completa e precisa que a nostalgia castelhana e que a saudade portuguesa, que expressam sentimentos menos concretos e que são mais passivas. O enyorament, por sua vez, não apenas pode ser ativo, mas até mesmo doce, se dermos crédito a Josep Maria de Sagarra: “Todas as coisas vistas do mar, que forma de mel e de saudade!”

Será mesmo?

Wednesday, April 25, 2012

Si não reflexivo

Os portugueses usam um si que para os brasileiros é bem estranho. Usam-no depois de preposição, como em: Trouxe isto para si (= para você). No Brasil, o si é sempre reflexivo.

Será mesmo? Acabei de ver num texto traduzido do italiano por alguém com sobrenome italiano, que é mais provável no Brasil do que em Portugal, e com endereço eletrônico brasileiro, duas coisas que parecem indicar tratar-se de brasileiro. Ou será um português que vive no Brasil, o que até explica a variedade de estilos no seu texto?

1. Quanto mais pessoas receberem de si esta mensagem, melhor será sua relação com os outros.
2. Fale para as pessoas que ama, que são especiais e importantes para si.
3. Se recebeu esta mensagem, é porque, para alguém, você é importante e há ao menos uma pessoa que gosta de si.
4. Aquilo que você puser na vida dos outros, voltará para si.

Todas estas frases usam o pronome si como seria usado em Portugal. O interessante é que um brasileiro desavisado poderia chegar a interpretar todas estas frases de forma reflexiva: na 1, as pessoas recebem de si mesmas esta mensagem; na 2, as pessoas são importantes para elas mesmas; na 3, a pessoa gosta de si mesma; na 4 aquilo voltará para si mesmo, ou seja, para aquilo.

Outro ponto interessante é que na mensagem aparece a palavra camuflado como substantivo, que eu não conhecia: "Acharam-na no camuflado do Mário quando foi morto". O dicionário Aulete, brasileiro, não a registra como substantivo, mas o dicionário Priberam, português, diz que camuflado como substantivo significa, no contexto que nos interessa, "Peça de vestuário, geralmente em tons de verde e castanho, semelhante a esse fardamento militar." Mais uma indicação de que o autor do texto é português?

Friday, April 20, 2012

Weisz

I have come across a Czech man by then name of Weisz. That is strange, because it is not written according to German (that would be Weiß or Weiss, the latter especially in Switzerland or due to technical constraints), Czech/Slovak (Vajs), Polish (Wajs), or Hungarian (Vájsz) spelling rules. I don't believe it has anything to do with the origin of the letter ß centuries ago, which is said to have arisen from joining a capital S with a capital Z as a kind of subscript.

My wife posited that the registrar was drunk when he or she recorded the name.

Thursday, April 19, 2012

Hier sind Sie Zuhause

A van serving a Munich old folks' home announces: Hier sind Sie Zuhause. (You are/feel at home here.) Zuhause, with a capital letter, like all German nouns, means home. They meant zu Hause, where zu is a preposition and Hause is the "old" dative of the noun Haus.

Wednesday, April 11, 2012

O plural de mico-leão-dourado

É louvável que nos preocupemos com a extinção de ararinhas-azuis ou dos micos-leão-dourados, mas a extinção de uma palavra não promove nenhuma comoção, como não nos comovemos com a extinção de insetos, a não ser dos extraordinariamente belos. Pelo contrário, muitas vezes a extinção das palavras é incentivada.

Chamou-me a atenção o plural micos-leão-dourados e fui investigá-lo. O Aulete abona micos-leões-dourados, a minha preferência, e o Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa apresenta tanto micos-leão-dourados quanto micos-leões-dourados. Não creio ter visto semelhante composto: substantivo + substantivo + adjetivo, o que inclusive não é contemplado pelas regras de pluralização dos substantivos compostos. Não teria sido melhor registrar mico-leão dourado, um composto de dois substantivos seguido de um adjetivo? Quando há dois substantivos, como regra geral pluralizam-se ambos os elementos, micos-leões, a menos que o segundo delimite o significado do primeiro, micos-leão, regra para mim nada convincente. Na minha opinião seria mais prático pluralizar sempre ambos os substantivos e ponto-final.

Sunday, April 8, 2012

Desde que eu tenho * anos

Essa história parece de alguma forma tocante? A mim parece. Desde que eu tenho 20 anos, as mulheres à minha volta nadam num mar de tintura.

A pessoa que escreve tem mais de 40. Já tinha visto semelhante estrutura em italiano, mas em português foi a primeira vez. Há centenas de milhares de exemplos de uso do verbo no presente em vez do pretérito imperfeito na internet. O que será que se esconde por trás disso?

Friday, April 6, 2012

Quitinete

Até um tempo atrás, se não me engano, não se encontrava a forma quitinete nos dicionários. Agora já aparece: no Aulete, no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa da Academia Brasileira de Letras, no Priberam, que o marca como brasileirismo e remete para kitchenette, forma original inglesa. Eu prefiro quitinete em português, mas fácil de escrever para um lusófono e muito mais conforme à pronúncia do brasileiro médio.

Quitinete aparece oito vezes na revista Época, 71 vezes na Folha de São Paulo, quatro vezes no Córpus do Português. Kitchenette não aparece nenhuma vez na Época e no Córpus do Português, mas aparece dez vezes na Folha.

Wednesday, April 4, 2012

Dar

It is funny that Portuguese dar, main meaning = to give, can be used in constructions that show something is possible:

Dá para fazer isso em dez minutos. - One can do this within ten minutes. It is possible to do this within ten minutes.

I have never encountered a similar usage in any Romance language, not even in Spanish, the closest language to Portuguese, but oddly enough, at least three Slavic languages can do the same: Polish, Slovak, and Czech, always with a perfective verb and always with a reflexive pronoun.

Polish: Da się to zrobić w dziesięć minut.
Slovak: Dá sa to urobiť za desať minút.
Czech: Dá se to udělat za deset minut.

Monday, April 2, 2012

Alfayate

He descubierto que en español está el arabismo alfayate, que el diccionario califica como poco usado y da como sinónimo de sastre. Alfaiate es de lo más común en portugués.

Aquí un texto sobre alfayate.