Word of the Day

Friday, February 29, 2008

Campi

It's funny that English didn't take the Latin plural campi for campus and prefers to use campuses (at least I've never heard or read campi in English) given the English predilection for Latin and Greek plurals: bacteria, fungi, analyses, larvae, etc. I have found, though, two instances of campi in English texts on the Internet, but coincidentally both come from Portuguese-speaking environments, one Portugal and the other Brazil. I say, though, that that shouldn't be imitated, since the standard and common plural in English is campuses (and in Portuguese it is câmpus, the preferred form, and very seldom campi, as in Latin).

Tuesday, February 26, 2008

In and up

When do in and up mean the same thing? When they're in the word intake and uptake, which both mean the acting of taking in (and why not up? :)) or absorbing.

Sunday, February 24, 2008

verbum non grata

Reading this article about words used by the Nazis, I stumbled upon verbum non grata. This didn't occur to the writer of the report, but this really leaps to a speaker of a Romance language like myself. The journalist made a pun with persona non grata, which is fine, since both persona and grata agree, both being feminines. Now with verbum non grata you don't have the same accord. Verbum is a neuter word, and all modifying adjectives should agree with it, which would lead us to verbum non gratum. I don't know if the reporter wasn't aware of it since he probably never took Latin (very few do nowadays) or he thought people wouldn't associate gratum with persona non grata, but this is something that immediately draws Romance speakers' attention.

Saturday, February 16, 2008

Chocolaterapia

Não, você não leu errado, e eu também não quando o vi hoje num anúncio de uma loja. Trata-se de chocolaterapia, a sílaba te foi engolida mesmo. O engolimento dessa sílaba tem um nome: haplologia.

Entretanto, mesmo se tivessem optado por chocolateterapia, haveria um senão. A língua portuguesa, ao contrário das germânicas, não põe um substantivo na frente de outro (pelo menos não tradicionalmente) para que o da esquerda modifique o da direita. Isso é indubitavelmente uma contaminação morfológica. As palavras terminadas em terapia em português são de origem grega, em que um fenômeno parecido com o das línguas germânicas acontece, com a diferença de que o grego junta as duas palavras e a primeira delas termina em o: gastroenterologia, hidroelétrica, zoologia, fisioterapia, etc. O mais adequado teria sido terapia de/com chocolate, mas pode ser que o dono da loja não achou que esse nome pegaria e escolheu algo mais "chique".

Friday, February 15, 2008

Venenum

The second declension neuter Latin noun venenum originated Portuguese and Spanish veneno, French and Romanian venin, English venom and two strange forms: Catalan verí and Italian veleno (Italian also has veneno, but it's described as poetical in dictionaries). It's interesting that the original n transformed into other consonants in the two last mentioned languages. I understand that the second n in Italian veneno caused dissimilation, meaning that it affected the previous consonant, which is also an n, but why an l was chosen instead is beyond my comprehension. A similar phenomenon could be used to explain Catalan verí, which was probably verin and earlier venin centuries ago, and since Catalan is not so fond of final nasal consonants, that n, before it caused the dissimilation of the first n, was eliminated. What I can see is that both l in Italian veleno and r in Catalan verí are liquid consonants, so maybe that would be the beginning of a possible explanation for the current state of things.

Thursday, February 14, 2008

Bixo (sic)

Por que será que as pessoas insistem em grafar bicho como novato, calouro com x? O pior é que não são pessoas ignorantes que o fazem, são os próprios universitários, que, espera-se, para chegar à universidade, foram bem alfabetizados. Não vale o argumento de que assim se diferencia bixo (sic) com x de bicho com ch de animal, já que a polissemia explica o caso. Acredito até, apesar de nunca ter lido a respeito, de que se chame bicho aos calouros por eles se terem de submeter a encenações grotescas que lhes impõem os estudantes mais "experientes". O que me chama também a atenção é o feminino bixete (acredito que por coerência o grafem assim, já que não se encontra dicionarizado), que tem o sufixo -ete (do francês -ette), próprio do dimunutivo daquela língua. Terão influenciado palavras como chacrete e tantas outras do show biz na formação da palavra e talvez porque o feminino abalizado bicha poderia ter associações homossexuais indesejadas.

Caso semelhante é o de pichar, que insistem em escrever com x, mas isso já daria outro assunto.

Saturday, February 9, 2008

sérico

A primeira vez que encontrei a palavra sérico foi num texto de medicina que tinha de traduzir. Como não a conhecia, procurei-a no dicionário e o que encontrei foi relativo à seda. Como era possível que tivesse relação com a seda algo que falava de sangue, perguntei-me. Não satisfeito com a primeira resposta, voltei ao dicionário e observei que havia uma segunda acepção de abaixo com o número 2, que dizia sérico relativo a soro. Era isso que se encaixava no meu contexto! Traduzi alegremente o resto do texto e nunca mais voltei a pensar nisso.

Alguns dias atrás, entretanto, comecei dizer à minha noiva que tinha uma pele sérica e pedi-lhe que procurasse a palavra, o que ela não fez até agora, o que me trouxe à velha questão do real significado de sérico. Como é possível que a mesma palavra tenha significados tão distintos? Qual apareceu primeiro? Suponho que a definição número 1, que por algum motivo seria a número 1. O dicionário Houaiss também dá a mesma ordem de acepções e diz que sérico como relativo à seda teve sua primeira atestação em 1619 e não se pronuncia quanto à primeira ocorrência de sérico como relativo ao soro. Seria menos confuso se seríceo se reservasse à seda e sérico ao soro, mas talvez eu esteja fazendo tempestade em copo d'água porque nenhuma das palavras parece gozar de amplo uso.

Friday, February 8, 2008

hodônimo, singeniônimo e licnobita

Não adianta procurar as últimas duas palavras no dicionário ou no Google que não vai encontrá-las, elas foram de certa forma por quem vos fala. Hodônimo, que o meu dicionário Aurélio de 1986 não registra, mas que felizmente encontrei no Houaiss eletrônico, ao qual de repente já não tenho acesso, significa designação de rua (do grego hodos = rua, caminho + onima - nome). Singeônimo seria uma possível forma portuguesa do italiano singeonimo (com acento no primeiro o), que o mestre Luca Serianni, professor de história da língua italiana da Universidade de Roma La Sapienza, me ensinou no seu magistral Grammatica Italiana. Singeonimo significa nome de parentesco, como pai, mãe, tio, etc. (assim como topônimo é nome de lugar, como Rio de Janeiro, São Paulo, etc.). Licnobita é a minha adaptação do inglês lychnobite /líknobait/, que aprendi hoje, formado com os elementos gregos lychnos - lâmpada + bios - vida, que portanto significa aquele que dorme de dia e trabalha à noite.