Word of the Day

Friday, August 24, 2007

Enfileirar-se e outros ditongos

Algo hoje me chamou a atenção lingüisticamente falando ao assistir à comédia Humor de Quinta. Um dos humoristas pronunciou a palavra enfileirem de uma forma que nunca tinha ouvido: enfilerem, com e aberto. O erro de ortoepia/ortoépia deu-se por se considerar que o infinitivo, por ter acento na última sílaba, é enfilerar, já que o mais comum nas línguas neolatinas é que o ditongo apareça em sílaba tônica. Daí para enfilerem foi um pulo, fenômeno que também pode ser observado corriqueiramente com o verbo roubar, que por ter um ditongo átono, vira robar e logo sua formas rizotônicas, aquelas acentuadas na raíz, viram robo, robas, roba, robam, robe, robes e robem, pronúncia essa que não faz parte do português padrão, pelo menos não até agora. O mais interessante é que no mesmo dia em que ouvi enfilerem também ouvi quemar (em vez de queimar), mas aí talvez se trate não de uma pronunciação pessoal, e sim de um regionalismo, talvez freqüente no Estado de Minas Gerais, donde a pessoa é oriunda. Já tinha ouvido trenar, termo dicionarizado, comum no Rio de Janeiro, pelo menos julgando o que tenho ouvido na televisão. Chama-me a atenção que os mesmos fluminenses eliminem o ditongo de treinar, mas o acrescentem a doze, que é pronunciado por eles como se fosse escrito douze. Mais uma vez a posição do ditongo, se átono ou tônico, explica por que surgem essas pronúncias que não correspondem à língua padrão.

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