Word of the Day

Sunday, July 24, 2016

Equívocos em Não é errado falar assim

Como nem eu nem minha mulher não encontramos o endereço eletrônico do professor Marcos Bagno para que eu pudesse enviar-lhe alguns comentários ao que escreve no seu livro Não é errado falar assim, resolvi incluí-los aqui na esperança de que um dia o autor os veja e corrija algumas informações a respeito de certas línguas que aparecem em sua obra.

1.Menciona-se que o húngaro não tem pronome de terceira pessoa:
Na verdade, o que ocorre é que um único pronome, ő, singular, pode ser masculino ou feminino, mas como se vê, ele está vivinho da Silva. Seu plural é ők, que também pode ser masculino ou feminino.

2.Diz-se que a ordem da língua húngara é SOV, ou seja, sujeito-objeto-verbo:
Essa ordem é muito comum, mas a língua húngara tem uma ordem de palavras extremamente flexível. Afirma-se que o verbo se põe imediatamente antes do elemento que se quer enfatizar. Para mostrar como é flexível, alguns exemplos reais, com o verbo em negrito, seguido da respectiva tradução:
Napra pontosan öt évvel ezelőtt, 2011. július 22-én Norvégia örökre megváltozott
Hoje exatamente cinco dias atrás, em 22 de julho de 2011, a Noruega mudou para sempre.

A tömeggyilkosság sokkolta az országot, de másfél évvel később a norvég emberek már a borzalmakon felülemelkedve tudtak beszélni a szörnyű eseményről.
A carnificina chocou o país, mas um ano e meio depois o povo norueguês, tendo superado os horrores, já conseguia falar sobre o terrível caso.

Oslóban ezen a napon kezdtem el 100 napig tartó, hét országot érintő északi körutamat, aminek célja, hogy a magyar embereket jobban megismertessem Európa e távoli vidékének életével.
Nesse dia em Oslo comecei um percurso de 100 dias que passaria por sete países cujo objetivo seria mostrar melhor aos húngaros a Europa e a vida desse local remoto.

3.Jeder traduzido como aquele:
A intenção do autor foi grafar jener, jene, jenes, com n, para indicar aquele(a/es/as), não jeder, jede, jedes, que significa cada.

4.As línguas eslavas não têm artigo:
De fato, a maioria não tem, mas há duas que são exceção: macedônio (ou macedônico) e búlgaro. Em ambas as línguas, livro, por exemplo, se diz kniga (escrito em alfabeto cirílico); já knigata, com o artigo posposto, significa o livro. Knigi é livros e knigite é os livros, novamente com o artigo posposto, da mesma forma que o romeno e as línguas escandinavas.





Friday, July 22, 2016

Frituras


Sujeitos sensíveis, modernos, sedutores e, no frigir dos bolinhos, tão egoístas como costumam ser aqueles que estão se afogando.

Até então só conhecia no frigir dos ovos. Vejo que a maioria devastadora das ocorrências dessa nova expressão na internet é desse mesmo autor. Parece que quer popularizar a novidade (será invenção dele?), que a julga engraçada ou sei lá o quê. Os únicos seguidores que recrutou parece serem este e este. Este já foi além: além dos bolinhos, frigiu também as batatas.

Wednesday, July 20, 2016

Filosofando sobre filósofos

Será que nós, com todas as nossas ideias mirabolantes de como o “mundo melhor” deve ser, seremos capaz de fazer o mesmo para nossos descendentes?

Será que capaz, com o som de s no final (ch em algumas regiões), é plural de capá?

E a crença na sociedade de mercado se deve a percepção de que o comércio é uma atividade ancestral na vida humana e responsável pelo enriquecimento da humanidade nos últimos 250 anos. Com o comércio vem ideias, dinheiro, oportunidades, tolerância cultural.
Negritos meus. Vê-se que nem um reputado filósofo brasileiro sabe português. Quem será que sabe então?

Por isso a esquerda fez a guerrilha para levar o Brasil pra uma ditadura de esquerda em meio a guerra fria

Mais uma vez a falta de acento indicador de crase. Como escrevi em outra ocasião no blogue, é possível que muitos achem que a crase foi eliminada com o Acordo Ortográfico.

E seria melhor grafar Guerra Fria com maiúsculas. Como o Acordo de 1990 não contempla o caso, penso que não se revogou o estipulado pelo Acordo de 1943, seguido até então no Brasil: 10º - Nos nomes de fatos históricos e importantes, de atos solenes e de grandes empreendimentos públicos: Centenário da Independência do Brasil, Descobrimento da América, Questão Religiosa, Reforma Ortográfica, Acordo Luso-Brasileiro, Exposição Nacional, Festa das Mães, Dia do Município, Glorificação da Língua Portuguesa, etc. Observação - Os nomes das festas pagãs ou populares escrevem-se com inicial minúscula: carnaval, entrudo, saturnais, etc.


Monday, July 18, 2016

Trandafir

Romanian is the only Indo-European language I am aware of that doesn't normally use a cognate for rose to name that flower, but uses trandafir instead, from modern Greek meaning thirty leaves. This dictionary presents two cognates, but labels them regional or archaic. Even two non-Indo-European languages like Finnish and Hungarian use something similar to rose.

Saturday, July 9, 2016

Lheísmo e outros probleminhas em tradução de entrevista

Vocês todos têm sangue em suas mãos. E, se essa foto lhe ofende, você também tem sangue em suas mãos”.

Nem tradução escapa ao lheísmo! Prefiro até a mistura de te com você (se essa foto te ofende, você tem...) do que esse uso do lhe como objeto direto. Se não quer misturar os pronomes, então: Se essa foto o ofende/ofende você, você também...

A jornalista é lheísta inveterada mesmo. No mesmo artigo lê-se: O que lhe motivou a publicar a foto com você e seus amigos vestidos como drag depois do ataque em Orlando?

Continuando: “Queers árabes enfrentam uma luta dupla: enquanto nós lutamos contra as forças opressivas dentro de nossas próprias comunidades"

Duvido que a maioria dos brasileiros saiba o que são queers. Nem têm a obrigação de saber. Não é palavra da língua portuguesa. Se ficou conhecido estes últimos sete anos que moro fora do país, não sei dizer. Queers são gays, homossexuais e quejandos. Bom, parece que não é tão desconhecido assim. Consta do Dicionário Informal.

Tradução malfeita na minha opinião: E, quando fui para o Canadá, para estudar na universidade, pensei que seria a chance de explorar minha sexualidade. Quem diz estudar na universidade? Sugiro: Quando fui fazer faculdade no Canadá, pensei...

Deixei escapar uma vez, mas desta vez não passa: A internet ainda não era o que é agora, em termos de ser um ponto de encontro e contato, então muito disso acontecia em alguns cafés e bares. Em termos de ser acho bem pouco português. Sugiro: A internet ainda não era o que é agora, um ponto de encontro... Muito mais simples, não?

Parece que não é tão inveterada assim: O senhor começou trabalhando na área de ajuda humanitária. O que o levou a escrever Guapa?

O que será que a faz escolher entre o e lhe? A direção do vento?

Mas respeito aqueles que consideram que sair do armário [sobre sua orientação sexual] não é algo que necessariamente queiram fazer. É necessário que haja respeito para as diferentes opiniões.

Obrigado pelo adendo entre colchetes! Sem ele eu teria entendido que a maioria é masoquista e prefere ficar no armário, em companhia de roupas e traças, na escuridão e sem ar.

Temos ditaduras militares, o controle dos direitos sobre os corpos e sobre a liberdade sexual.

Que corpos? Imagino que seja o próprio. Por que esse plural?





Thursday, July 7, 2016

Celebrizar

Descobri recentemente o verbo celebrizar:

n verbo
 transitivo direto e pronominal
1    tornar(-se) célebre, ilustre; distinguir(-se), notabilizar(-se)
Exs.: tinha o mesmo talento que celebrizou Paganini
 celebrizou-se após o concerto de estreia
 transitivo direto
2    realizar cerimônia de evocação de (fato, acontecimento, pessoa); celebrar, comemorar
Ex.: celebrizaram o noivado com grande pompa

O Houaiss 2009 data-o de 1836. Há muitos exemplos de uso no Córpus do Português e no Google Livros.

Não encontrei cognato em nenhuma língua latina. Apenas em francês há menção dele nesta obra de 1801, onde aparece qualificado como neologismo. Em pleno século XXI não encontro o tal neologismo de dois séculos atrás registrado em nenhum destes dicionários. Talvez a palavra não tenha tido muito êxito em francês. Traduzindo os exemplos do livro: O mais insignificante dos jornalistas crê celebrizar o mais obscuro autor ao qual faz elogios. É a mania dos nossos escultores de celebrizar tal ou tal cabeça, que deve pertencer a um general ou a um histrião. Note-se que este uso de célébriser só corresponde à acepção 1 do dicionário Houaiss, não à 2.

Tuesday, July 5, 2016

Frescura

Escolher o idioma me ajuda a tratar o tema com maior frescura e mais liberdade também.

Errado não é, mas acho que no Brasil de atualmente seria muito mais comum aí o termo frescor. Frescura muitas vezes tem conotação negativa. O fato de a entrevistada ser mexicana com certeza contribuiu para a manutenção dessa palavra, já que em espanhol é sempre frescura.

Sunday, July 3, 2016

Anglicanismos

Apesar do estereótipo de que os franceses se coíbem de falar inglês, muitos jovens franceses querem melhorar as suas competências e adotaram muitos anglicanismos na linguagem do dia-a-dia.

Neste caso, anglicismos, não anglicanismos. E dia-a-dia perdeu os hifens/hífenes, mas a verdade é que não sei se este portal segue ou não o Acordo. Se procede da mesma forma que o canal televisivo RTP, então o segue e deveria grafar dia a dia.