Vi em algumas publicações esta palavra assim grafada: hetero. Na minha opinião deveria grafar-se hétero, já que a palavra se pronuncia como proparoxítona (pelo menos nunca a ouvi como paroxítona). Além disso, o étimo grego ἕτερος tem acento na primeira sílaba. Tradicionalmente, quando a palavra nos chega do grego por intermédio do latim, o latim transporta a sílaba tônica para a esquerda quando a vogal em grego é breve e deixa-a ond está quando a vogal é longa. O primeiro e é breve. Como é impossível mudá-la para a esquerda, deve permanecer onde está, o que nos obriga a acentuá-la hétero caso desejemos abreviar heterossexual, que não tem acento por a última sílaba ser a tônica (mas tem uma subtônica que é, até que se prove o contrário, a primeira).
Word of the Day
beatitude | |
Definition: | Supreme blessedness or happiness. |
Synonyms: | blessedness, beatification |
Free content
provided by The Free Dictionary
Thursday, April 30, 2009
Wednesday, April 29, 2009
Pronunciation of error
I ran into a problem while translating something that I heard (and was later confirmed twice) as air from a professor from Nebraska when he was describing something related to cattle. First I thought he was referring to some kind of flatulence that the cattle could have, but that didn't make any sense in the context, and thanks God I asked for clarification and he "translated" the word as "mistake". I confirmed with him whether he was saying error (two syllables) and he said yeah, air, one syllable (he even joked that I could understand the Texan professor better than him). As it turns out, I'm not the only one who finds fault with this pronunciation. Here's what Charles Harrington Elster, author of The Big Book of Beastly Mispronunciations, says about this:
error - ER-uur or AIR-ur. Do not say AIR.
Sportscasters, particularly those who cover baseball, are notoriously careless pronouncers of this words. Many say it in one syllable instead of two, compressing error into air. Affected speakers, on the other hand, overpronounce the terminal -or by giving it full OR sound, like oar. Both of these pronunciations are, in dictionary lingo, "nonstandard", which in this book means beastly. A third variant, ER-uh, with the final r silent, is not listed in dictionaries but is acceptable from speakers who normally drop their r's (e.g., some New Englanders, New Yorkers, and Southerners) and pronounce, for example, carrier as KAR-ee-uh and father as FAH-thuh. The pronunciation ER-ur, with e as in pet, is chiefly Eastern and Southern; the pronunciation AIR-ur (AIR- as in pair), chiefly Midwestern and Western. Use the one you are comfortable with. Just remember to pronounce the word in two syllables (my bold).
One has to be careful when addressing a foreign audience and must make an effort to deliver the message as clearly as possible so that no errors are conveyed by the interpreter and that the audience reaches an incorrect conclusion.
error - ER-uur or AIR-ur. Do not say AIR.
Sportscasters, particularly those who cover baseball, are notoriously careless pronouncers of this words. Many say it in one syllable instead of two, compressing error into air. Affected speakers, on the other hand, overpronounce the terminal -or by giving it full OR sound, like oar. Both of these pronunciations are, in dictionary lingo, "nonstandard", which in this book means beastly. A third variant, ER-uh, with the final r silent, is not listed in dictionaries but is acceptable from speakers who normally drop their r's (e.g., some New Englanders, New Yorkers, and Southerners) and pronounce, for example, carrier as KAR-ee-uh and father as FAH-thuh. The pronunciation ER-ur, with e as in pet, is chiefly Eastern and Southern; the pronunciation AIR-ur (AIR- as in pair), chiefly Midwestern and Western. Use the one you are comfortable with. Just remember to pronounce the word in two syllables (my bold).
One has to be careful when addressing a foreign audience and must make an effort to deliver the message as clearly as possible so that no errors are conveyed by the interpreter and that the audience reaches an incorrect conclusion.
Tuesday, April 28, 2009
Bixo
Já há vários anos que vejo a grafia bixo para se referir a calouro de universidade e sempre me pareceu preocupante, já que quem normalmente escreve a palavra são exatamente os universitários veteranos, que presumivelmente teriam passado pelo ensino fundamental e médio e teriam aprendido que bicho se escreve com ch. Talvez o povo goste de fazer distinções onde não há e usar bicho com referência a animais e bixo com referência a pessoas, mas tal distinção não existe, pelo menos oficialmente (o que me lembra o caso de veado como homossexual, que já vi grafado viado só para diferenciar do animal, também sem base nenhuma.)Mas fiquei ainda mais preocupado quando um grande veículo de comunicação que é a Superinteressante, que por sinal grafa Super e Interessante em duas linhas para não ter de se decidir se a palavra se escreve junto ou separado, registrou na edição deste mês bixo com x. É aí que eu viro um bicho!
Monday, April 27, 2009
Pronúncia de rumensina e monensina
Não entendo por que todos os zootecnistas, incluindo seus professores (aqueles devem ter aprendido com estes) a quem servi como intérprete hoje pronunciam rumensina e monensina com som de z em vez de s. Ora, se o s vem depois de consoante, pronuncia-se s, ou alguém diz penzar, enzaiar, catarze (pasmem, a minha antiga professora de Português dizia catarze!).
Sunday, April 26, 2009
Nunca se deixou se amar
Essa frase aparece umas três vezes no filme brasileiro Fica comigo esta noite. O que me deixa meio desconfortável é o uso dos dois se's. Concordo que nunca se deixou amar poderia significar que a pessoa nunca deu a si mesma o gosto de amar e o outro se dá ao verbo a ideia de voz passiva, mas mesmo assim me parece uma construção anômala pela repetição do se. Talvez o menos controverso seria dizer um simples nunca se deixou ser amado, nunca deixou/permitiu/autorizou que o amassem, que perderiam em literariedade e sensibilidade (ou se o português fosse como o alemão: literarie- e sensibilidade), mas não dariam azo a dúvidas. Esta é uma pergunta à qual infelizmente não tenho resposta. Talvez seja possível, já que o infinitivo mais se em português substituiu o infinitivo passivo em latim, amari. Nas línguas escandinavas bastaria um s para tornar o verbo passivo: älska/elske (amar em sueco e dinamarquês, respectivamente) e älskas/elskes (amar-se ou ser amado).
Talvez pudesse ser traçado um paralelo com os verbos causativos (deixar, fazer, etc.) mais o pronome reflexivo: eu o fiz/deixei sentar-se/ele me fez/deixou sentar-me?, melhor: ele me fez/deixou sentar, em que se dá a supressão do segundo me. Mas se suprimirmos aquele se, desapareceria a voz passiva e a frase seria ambígua. Parece que não há uma solução simples para esta frase.
Talvez pudesse ser traçado um paralelo com os verbos causativos (deixar, fazer, etc.) mais o pronome reflexivo: eu o fiz/deixei sentar-se/ele me fez/deixou sentar-me?, melhor: ele me fez/deixou sentar, em que se dá a supressão do segundo me. Mas se suprimirmos aquele se, desapareceria a voz passiva e a frase seria ambígua. Parece que não há uma solução simples para esta frase.
Saturday, April 25, 2009
Dukea nebo Duka
Autor této zprávy a mluvčí univerzity váhají mezi psaním Dukea a Duka. Porovnávajíce příklady uvedené v mé příruční učebnici češtiny s odvoláním na skloňování jmen přejatých, řekl bych, že to se musí psát Dukea.
Friday, April 24, 2009
Enguany and letos
I can't think of any other languages having a single word for this year like Catalan enguany and Czech letos, which even has the form letošní for this year's. Macedonian has годинaва (godinava), which is actually made up of godina (year) + the suffix va, which agrees with godina, a feminine noun, but this is a productive process: мажов (this man), женава (this woman), детево (this child), etc.
Godina, by the way, is a false friend with Czech hodina and Polish godzina, both meaning hour.
Godina, by the way, is a false friend with Czech hodina and Polish godzina, both meaning hour.
Thursday, April 23, 2009
Ultrassonografia
Segundo as novas normas ortográficas, ultrassonografia escreve-se assim mesmo, já que o segundo elemento, sonografia, começa com s, que deve ser dobrado (o r comporta-se da mesma forma). O que me chamou a atenção é que hoje fui a um hospital onde aparecia a palavra grafada com dois ss, com a ressalva de que o hospital já existe há décadas e, quando a escreveram, estava errada (naquela época, que não é tão remota assim, já que vai até 31 de dezembro de 2008, o correto era ultra-sonografia). É interessante como algo que é errado depois de um tempo pode passar a ser certo. Pelo menos eles não terão de revisar todos os avisos do hospital (duvido que se dariam a esse trabalho, mas fica registrado o chiste.)
Wednesday, April 22, 2009
Moirologist
From A Word a Day: worth googling it and subscribing.
A.Word.A.Day
with Anu GargA.Word.A.Day
moirologist
PRONUNCIATION:
(moy-ROL-uh-jist)
MEANING:
noun: A hired mourner.NOTES:
There are some things in life money can't buy, for everything else, there's Mastercard. With the right credit card you could even hire mourners for your funeral or find the right sentiment. While researching this word, I came across websites that offer "eulogy packs". One such site lists a "Mother's Eulogy pack" that includes "9 speeches, 3 poems, 3 free bonus". Only $25.95 -- have your credit card ready. Fathers go cheaper: $19.97.Let's not be too smug and look down upon those who buy these packs. When we go to the neighborhood card store to buy a greeting card or a sympathy card, we're also hiring someone to package words to help us convey our feelings.
Professional mourners are not a new thing either -- there's a long tradition going back to ancient Greece and beyond. As late as 1908 a New York Times article reported on a professional mourners' strike in Paris.
Then there is claque, a group of people hired to applaud a performer at a show.
ETYMOLOGY:
From Greek moira (fate, death) + logos (word).USAGE:
"There may be found traces, too, of Lethe, the river of forgetfulness in the death ballads sung by the hired mourners... The moirologists will sing of the loneliness of the living, of the horrors of death."George Walter Prothero; The Quarterly Review; John Murray (London, UK); 1886.
Monday, April 20, 2009
Skloňování persona non grata
Aristide je v haitských pravicových kruzích považován za personu non grata.
Internetová jazyková příručka doporučuje persona non grata i v čtvrtém pádě.
Internetová jazyková příručka doporučuje persona non grata i v čtvrtém pádě.
Sunday, April 19, 2009
Doceria e doçaria
Meu dicionário Aurélio de 1986 só registra doçaria. Para ele não existe doceria, que tenho certeza anda na boca do povo bem antes dessa data. Este dicionário, eletrônico e bem mais recente, distingue doceria de doçaria. Talvez seja mais permissivo e tenha sucumbido ao uso. Este dicionário de Portugal só conhece doçaria. O fato é que tanto eria quanto aria se referem a estabelecimentos, mormente comerciais. O tempo parece ter provado que no Brasil há uma clara preferência por doceria. Se não me falha a memória, em Portugal é lavandaria e aqui lavanderia. Talvez isto indique que nós preferimos eria e eles, aria, mas há exceções.
Saturday, April 18, 2009
Podar
Um amigo comentou outro dia que certa vez usou podar como ultrapassar um carro, que é comum na minha região, e que os colegas de Minas Gerais e de outro Estado cujo nome não lembro não o entenderam. Apesar de podar nesta acepção não fazer parte do meu vocabulário ativo, pois acho ultrapassar bem mais elegante, não me constava que podar fosse uma palavra "exclusivamente" nossa, o que parece ser confirmado pelo fato de os dicionários consultados calarem quanto a esse significado e só registrarem os de podar árvores e podar direitos, etc., no sentido de tolhê-los ou restringi-los. Até me ocorreu que talvez fosse um uso que também existisse em Portugal e consultei um dicionário de português europeu, que tampouco menciona essa acepção.
Thursday, April 16, 2009
A publicação estão
Isto o que vi ontem na minha "alma mater": A publicação das faltas estão nas suas respectivas salas. É inadmissível que esteja escrito numa instituição de ensino que conta entre seus cursos Letras. Parece-me impossível que ninguém, pelo menos um professor de Português, tenha visto isso e não se tenha apercebido do erro crasso que aí se encontra. Perguntei a duas secretárias se não viam nada de estranho na frase e disseram-me que não. Perguntei-lhes qual era o sujeito da frase e uma disse-me que era as faltas! Quando lhes expliquei a falta da frase, uma delas respondeu-me que não me devia preocupar porque ninguém notaria o erro. Mas como ninguém notaria? Eu não notei? E eu não sou ninguém? É assim que elas veem os alunos da "instituição", como uma "como uma cambada de burros" que não notam nada? O pior é que essa mesma que disse que ninguém se daria conta, como ela, estudou Letras! Acho que bem poucas vezes na vida senti tanta vergonha.
Wednesday, April 15, 2009
Partido Colorado - Barevná strana
Senátor Júlio César Velázquez z opoziční Barevné strany přesto vyzval církev, aby Luga exkomunikovala.
It is possible that an error in translation (Partido Colorado would be properly Rudá/Červená strana) will start people saying it wrong. Now I don't know if whoever translated colorado into Czech mistook it for colorido, which is indeed colorful (or barevný in Czech) of if they did that to avoid any confusion with rudá/červená, which have clear communist overtones.
It is possible that an error in translation (Partido Colorado would be properly Rudá/Červená strana) will start people saying it wrong. Now I don't know if whoever translated colorado into Czech mistook it for colorido, which is indeed colorful (or barevný in Czech) of if they did that to avoid any confusion with rudá/červená, which have clear communist overtones.
Tuesday, April 14, 2009
Bicharedo
Ontem um amigo paulista como eu me ensinou que em Minas Gerais se usa a palavra bicharedo como legal, interessante, empolgante, bom, etc. Achei uns exemplos de uso na Internet, mas não me ficou claro se se trata de fato de bicharedo, adjetivo biforme, ou se é sempre bichareda, adjetivo de dois gêneros (homem bicharedo ou bichareda?/mulher bichareda, homens bicharedos ou bicharedas?/mulheres bicharedas). A procura na Internet foi infrutuosa, já que a na maioria das vezes aparece bicharedo como sinônimo de bicharada, acepção que está registrada no dicionário. Seria bom se algum mineiro ou alguém que tem contato com mineiros me confirmasse esta informação.
Monday, April 13, 2009
Futuro perfeito em notícias
Mas também é muito frequente o recurso à forma verbal de futuro perfeito: «Inspector da PJ terá avisado Pinto da Costa» (TVI, 24/9/06); «Chirac terá pensado em substituir Villepin» (Rádio Renascença, 7/5/06).
Aqui no Brasil é muito mais frequente o futuro do pretérito perfeito, se é que lhe podemos dar esse nome: Inspetar... teria avisado...; Chirac teria pensado...
Aqui no Brasil é muito mais frequente o futuro do pretérito perfeito, se é que lhe podemos dar esse nome: Inspetar... teria avisado...; Chirac teria pensado...
Sunday, April 12, 2009
Obama Spelt Backwards
An observation I heard in a party:
Obama spelt backwards is amabo. This is I shall love in Latin.
Obama spelt backwards is amabo. This is I shall love in Latin.
Omissão do "que" no português moçambicano
Da mesma forma que no inglês e no alemão, há vários casos de omissão da conjunção integrante que no português moçambicano, pelo menos se podemos tomar como fidedignos estes excertos do livro que aqui já mencionei:
Aposto você está pensar. - Note-se também a omissão da preposição a antes de pensar.
Não diga você recebeu.
Pensava era hiena.
Aposto você está pensar. - Note-se também a omissão da preposição a antes de pensar.
Não diga você recebeu.
Pensava era hiena.
Saturday, April 11, 2009
Mais lheísmo, desta vez de Moçambique
Este lheísmo moçambino lembrou-me muito o leísmo praticado no Paraguay ( En el Paraguay, el guaraní es lengua oficial junto con el español. El bilingüismo es prácticamente general y la consecuencia principal de la influencia del guaraní en el español hablado en esta zona es el uso exclusivo de le con referentes tanto animados como inanimados, independientemente de la función sintáctica del pronombre y del género de su antecedente: «Si vos esa pregunta le trasladás a Oviedo y le trasladás a Nenín Viveros Cartes y te dicen la misma cosa [...], quiere decir que es un verdadero genio, Nicolás» (Abc [Par.] 19.12.96).) No livro do autor moçambicano que estou lendo, aparecem:
Sou chamado de Kindzu. É o nome que se dá às palmeiras mindinhas, essas que se curvam junto às praias. Quem não lhes conhece...
Éramos nós que recolhíamos seu corpo dorminhoso. Não lhe deitávamos dentro da casa: ele se recusara cama feita. Leito dele era o puro chão, lugar onde a chuva também gosta de deitar. Nós simplesmente lhe encostávamos na parede da casa. Ali ficava até de manhã. Lhe encontrávamos coberto de formigas.
Talvez seja importante ressaltar que, apesar de se esperar um nível culto de linguage do narrador, este é um menino negro de Moçambique. Para explicar este uso, é possível que algum substrato linguístico, como acontece no Paraguai, tenha tido o seu papel. Também se deve notar que, como no leísmo paraguaio, o lheísmo moçambicano se refere a qualquer ser, animado ou não, masculino ou feminino, de quem se fala, o que lhe confere um emprego ainda mais extenso do que se tem verificado em alguns setores e regiões brasileiros.
Sou chamado de Kindzu. É o nome que se dá às palmeiras mindinhas, essas que se curvam junto às praias. Quem não lhes conhece...
Éramos nós que recolhíamos seu corpo dorminhoso. Não lhe deitávamos dentro da casa: ele se recusara cama feita. Leito dele era o puro chão, lugar onde a chuva também gosta de deitar. Nós simplesmente lhe encostávamos na parede da casa. Ali ficava até de manhã. Lhe encontrávamos coberto de formigas.
Talvez seja importante ressaltar que, apesar de se esperar um nível culto de linguage do narrador, este é um menino negro de Moçambique. Para explicar este uso, é possível que algum substrato linguístico, como acontece no Paraguai, tenha tido o seu papel. Também se deve notar que, como no leísmo paraguaio, o lheísmo moçambicano se refere a qualquer ser, animado ou não, masculino ou feminino, de quem se fala, o que lhe confere um emprego ainda mais extenso do que se tem verificado em alguns setores e regiões brasileiros.
Friday, April 10, 2009
X tinha morto Y
Como se vê aqui e aqui, parece que X ter morto Y é uma construção comum em Portugal (no Brasil nunca ouvi, aqui dizemos que X tinha matado Y). Foi exatamente essa construção que me chamou a atenção no livro do moçambicano Mia Couto, Terra Sonâmbula, logo na primeira linha da primeira página. Eis a frase em apreço: Naquele lugar, a guerra tinha morto a estrada.
Thursday, April 9, 2009
Próclise no português moçambicano
Estou lendo Terra Sonâmbula, de Mia Couto, autor moçambicano, e chamaram-me a atenção alguns casos de próclise que não esperava que se encontrassem também no português moçambicano. Pensava que Moçambique se alinhava com Portugal, em que a ênclise é a posição normal (a menos que haja os famosos fatores de próclise), mas vejo que não. O que me surpreende também é que Mia Couto, apesar de ter nascido em Moçambique mas ser filho de portugueses não tenha influência maior da fala dos seus pais, pelo menos não é esse o caso analisando este livro. Alguns exemplos de próclise:
A paisagem se mestiçara de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam (próclise de rigor) à boca.
Aqui, o céu se tornara impossível.
E os viventes se acostumaram ao chão, em resignada aprendizagem da morte.
O velho se chama Tuahir.
O jovem se chama Muidinga.
E há até este exemplo de pronome a encetar frase: Se nota nele um leve coxear, uma perna demorando mais que o passo.
Pelo que se nota, parece que o português de Moçambique tende à próclise, como o do Brasil e diferentemente do de Portugal.
A paisagem se mestiçara de tristezas nunca vistas, em cores que se pegavam (próclise de rigor) à boca.
Aqui, o céu se tornara impossível.
E os viventes se acostumaram ao chão, em resignada aprendizagem da morte.
O velho se chama Tuahir.
O jovem se chama Muidinga.
E há até este exemplo de pronome a encetar frase: Se nota nele um leve coxear, uma perna demorando mais que o passo.
Pelo que se nota, parece que o português de Moçambique tende à próclise, como o do Brasil e diferentemente do de Portugal.
Monday, April 6, 2009
Pinxit mea
The buzz now is the picture found in Basilicata, a supposed self-portrait of Leonardo da Vinci with the inscription pinxit mea, which is routinely translated as painted by myself. I just don't see how they have come up with such a translation. Pinxit is the third person singular of perfect indicative of pingo, pingere (to paint). Mea is the feminine singular nominative or neuter plural nominative/accusative of meus, mea, meum (my/mine). It thus literally translates as (He/she) painted my things/mine. For it to to mean painted by myself, it would have to be pictus/picta/pictum a me.
On second thought, mea could also be the subject of the sentence (mine painted), mine being my hand (manus mea pinxit) or my right hand (dextra mea pinxit).
On second thought, mea could also be the subject of the sentence (mine painted), mine being my hand (manus mea pinxit) or my right hand (dextra mea pinxit).
Sunday, April 5, 2009
Obama - nejmocnější muž světa
Nemohou si novináři vymyslet jiná přídavná jména pro Baracka Obamu? Jsem unavený z toho, že ve skoro každém internetovém článku, jenž čtu o jeho příletu do Prahy, je označován jako nejmocnější muž světa. Nestačí jeho jméno nebo post, který zastává, aby všichni věděli, o koho se jedná?
Saturday, April 4, 2009
O gluglu do peru
A todos vocês cansados de dizer fazer gluglu (ou até glugluglu) ao se referirem ao som do peru lhes ofereço o verbo grugulejar (ou também grugrulejar). Só não entendo por que foi registrado com r em vez de l, já que dizemos que os perus fazem gluglu.
Em outras línguas:
italiano: gloglottare/glugluttare
espanhol: gluglutear (não está no dicionário da RAE)
francês: glouglouter
tcheco: hudrovat
polonês: gulgotać
alemão: kollern
inglês: gobble
russo: kurlykat' (курлыкать)
Em outras línguas:
italiano: gloglottare/glugluttare
espanhol: gluglutear (não está no dicionário da RAE)
francês: glouglouter
tcheco: hudrovat
polonês: gulgotać
alemão: kollern
inglês: gobble
russo: kurlykat' (курлыкать)
Friday, April 3, 2009
Possuir filhos
Da Superinteressante: Tem 71 anos, 40 de carreira, e está casado pela 2ª vez. Possui 4 filhos e 7 netos. Possuir não é simplesmente um sinônimo mais chique para ter, tem significados que lhe são próprios. Ninguém possui filhos, pode tê-los ou não.
Thursday, April 2, 2009
Embruscado e remoso
Estas duas palavras devo a uma tia minha que mora já há décadas perto de Campo Mourão, PR. Aqui no Estado de São Paulo nunca as tinha ouvido. Parece tratar-se de palavras comuns na região de adoção da minha tia, pela naturalidade como ela as pronunciou na última conversa telefônica que tivemos. Embruscado é particípio passado do verbo embruscar, que chega até a ser poético, e remoso aparece no dicionário com a definição que se pode ver aí, mas segundo a minha tia, remoso naquela região refere-se aos alimentos que fazem mal à cicatrização de alguma ferida ou operação.
Atualização: quando de uma recente visita dessa minha tia, voltou à tona a tal palavra remoso. Na verdade, o dicionário Houaiss registra-a como reimoso
n adjetivo
1 que prejudica a saúde
Ex.: a carne de bagre é r.
2 capaz de causar pruridos
3 que tem maus bofes
e aqui há uma matéria da Superinteressante sobre alimentos reimosos.
Atualização: quando de uma recente visita dessa minha tia, voltou à tona a tal palavra remoso. Na verdade, o dicionário Houaiss registra-a como reimoso
n adjetivo
1 que prejudica a saúde
Ex.: a carne de bagre é r.
2 capaz de causar pruridos
3 que tem maus bofes
e aqui há uma matéria da Superinteressante sobre alimentos reimosos.
Wednesday, April 1, 2009
Emocionalmente imersivo
Eis um fragmento interessante que me cheira a má tradução: O longa é a primeira animação totalmente em terceira dimensão. "É emocionalmente imersivo", diz Jeffrey (Katzenberg, da DreamWorks). Vê-se claramente o "emotionally immersive", que aparece 2100 vezes na Internet. Já o "emocionalmente imersivo" aparece duas vezes, das quais a segunda é cópia da primeira e remete exatamente à mesma reportagem de Época cujo trecho transcrevi. Teria sido melhor algo como "você se sente no filme/parece que você está no filme/você entra no filme e nem vê o tempo passar", entre outras centenas de possibilidades.
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