
Sou chamado de Kindzu. É o nome que se dá às palmeiras mindinhas, essas que se curvam junto às praias. Quem não lhes conhece...
Éramos nós que recolhíamos seu corpo dorminhoso. Não lhe deitávamos dentro da casa: ele se recusara cama feita. Leito dele era o puro chão, lugar onde a chuva também gosta de deitar. Nós simplesmente lhe encostávamos na parede da casa. Ali ficava até de manhã. Lhe encontrávamos coberto de formigas.
Talvez seja importante ressaltar que, apesar de se esperar um nível culto de linguage do narrador, este é um menino negro de Moçambique. Para explicar este uso, é possível que algum substrato linguístico, como acontece no Paraguai, tenha tido o seu papel. Também se deve notar que, como no leísmo paraguaio, o lheísmo moçambicano se refere a qualquer ser, animado ou não, masculino ou feminino, de quem se fala, o que lhe confere um emprego ainda mais extenso do que se tem verificado em alguns setores e regiões brasileiros.
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