Word of the Day

Wednesday, August 26, 2009

Lível

Numa loja de livros usados escolhi um livro baratinho que me chamou a atenção. Mostrei-o à minha mulher e perguntei-lhe se era lível. Antes de pronunciar a palavra considerei se era melhor legível, forma padrão, ou lível, formada regularmente a partir do verbo ler. Legível pareceu-me não encaixar-se nessa situação por me dar a impressão de algo que pode ser decifrado, cuja letra é boa ou grande o suficiente, o que se espera de qualquer livro. Sabia que lível provavelmente não estaria em nenhum dicionário, o que acabei de comprovar, mas de qualquer forma não é nenhum atentado à língua portuguesa pelo simples fato de estar bem formada e preencher uma lacuna. Também deve ter contribuído para a criação da palavra o inglês readable, que tem uma acepção a mais que legible. Claro que poderia ter estruturado a pergunta de outra maneira, mas convém sermos criativos com a língua de vez em quando para que ela se adapte à nossa necessidade ou ao humor do momento. Lível está para comível da mesma forma que legível está para comestível, estas sim palavras recolhidas e distinguidas por qualquer dicionário.

Pelo que vejo na Internet, há alguns casos em que aparece lível com o sentido que lhe dei.

5 comments:

Comentador said...

Seu bloque está bastante lível :D

Aff said...

Neologismos são divertidos :).

Yaakov said...

Lível, é mais do que apropriado. Você, eu e outros usuários do termo somos mais ou menos como aqueles célebres macacos que, em diferentes ilhas, acabaram descobrindo mais ou menos ao mesmo tempo como rachar o coco de uma nova forma.

Não vamos salvar a língua com atitudes isoladas. Afinal, qualquer vagabundo senta numa cadeira da Academia Brasileira de Letras e se acha no direito de cagar (desculpe o termo) regras à vontade. Até mesmo iletrados como Paulo Coelho ganham o seu fardão. Agora, só falta abrirem as fronteiras e colocar lá a Stephenie Meyer, que não passa de uma renomada débil mental. A nova reforma ortográfica que, na minha opinião, prefere abastardar o idioma do que ensinar o povo a compreendê-lo, é também uma produção de Sarney Inc., como o amigo deve saber. Só não sei se ele arranjou algum na operação.

Pra que fazer acordo linguístico com os portugueses? Que quer essa gente? Aparecer? O seu Manoel e o seu Joaquim podem continuar (e deveriam) a escrever do jeito que lhes é peculiar. E nós do nosso. Parece que o Sarney, no fundo, guarda uma mágoa imensa - certamente porque não escreve um ovo -, e quer descontar nos mais capazes esculhambando com sua ferramenta de trabalho. Freud explica, como diria o Paulo Francis.
Apareça no meu boteco. Abraços.
Yaakov

UNI VERSOS ESMERALDINUS: VIDA E POESIA said...

Certíssimo, Caro(a) escritor(a).
Está coberto(a) de razão.
Ao meu ver, lível está corretíssimo e vem preencher esta lacuna.
Legível, soa para mim como algo que é decifrável, claro e visível.
O lível, cai melhor para aquilo que é digno de ser lido.

Fernando said...

Cheguei a teu blogue através do termo "lível", pois acabei de tuitar o mesmo, por achálo melhor, ao termo "legível".