Word of the Day

Saturday, July 9, 2016

Lheísmo e outros probleminhas em tradução de entrevista

Vocês todos têm sangue em suas mãos. E, se essa foto lhe ofende, você também tem sangue em suas mãos”.

Nem tradução escapa ao lheísmo! Prefiro até a mistura de te com você (se essa foto te ofende, você tem...) do que esse uso do lhe como objeto direto. Se não quer misturar os pronomes, então: Se essa foto o ofende/ofende você, você também...

A jornalista é lheísta inveterada mesmo. No mesmo artigo lê-se: O que lhe motivou a publicar a foto com você e seus amigos vestidos como drag depois do ataque em Orlando?

Continuando: “Queers árabes enfrentam uma luta dupla: enquanto nós lutamos contra as forças opressivas dentro de nossas próprias comunidades"

Duvido que a maioria dos brasileiros saiba o que são queers. Nem têm a obrigação de saber. Não é palavra da língua portuguesa. Se ficou conhecido estes últimos sete anos que moro fora do país, não sei dizer. Queers são gays, homossexuais e quejandos. Bom, parece que não é tão desconhecido assim. Consta do Dicionário Informal.

Tradução malfeita na minha opinião: E, quando fui para o Canadá, para estudar na universidade, pensei que seria a chance de explorar minha sexualidade. Quem diz estudar na universidade? Sugiro: Quando fui fazer faculdade no Canadá, pensei...

Deixei escapar uma vez, mas desta vez não passa: A internet ainda não era o que é agora, em termos de ser um ponto de encontro e contato, então muito disso acontecia em alguns cafés e bares. Em termos de ser acho bem pouco português. Sugiro: A internet ainda não era o que é agora, um ponto de encontro... Muito mais simples, não?

Parece que não é tão inveterada assim: O senhor começou trabalhando na área de ajuda humanitária. O que o levou a escrever Guapa?

O que será que a faz escolher entre o e lhe? A direção do vento?

Mas respeito aqueles que consideram que sair do armário [sobre sua orientação sexual] não é algo que necessariamente queiram fazer. É necessário que haja respeito para as diferentes opiniões.

Obrigado pelo adendo entre colchetes! Sem ele eu teria entendido que a maioria é masoquista e prefere ficar no armário, em companhia de roupas e traças, na escuridão e sem ar.

Temos ditaduras militares, o controle dos direitos sobre os corpos e sobre a liberdade sexual.

Que corpos? Imagino que seja o próprio. Por que esse plural?





1 comment:

Anonymous said...

"Prefiro até (...) a esse" e não "do que esse". Até os bons claudicam.