Word of the Day

Friday, October 26, 2007

Guspir

Depois de alguns anos sem ir ao dentista, tomei vergonha na cara e dirigi-me à tão temida cadeira para preencher uma cratera que se havia formado no meu dente. Estar lá com a boca aberta e com a língua para fora fez-me pensar em outra língua: a portuguesa. A dentista durante toda a minha consulta pronunciou a palavra cuspir, que ela deve pronunciar centenas de vezes por dia, guspir (pode guspir, pode guspir, pode guspir). É claro que já tinha ouvido essa articulação a incautos, mas não o esperava de uma profissional dos dentes, que afinal fez uma boa faculdade (ou pelo menos supõe-se e/ou espera-se). A língua portuguesa, assim como a espanhola, de certo tende à sonorização (é por isso que o latim amicus virou amigo em português e em espanhol), mas isso só ocorre entre vogais, nunca no início da palavra. O que está em jogo aqui é algo muito mais poderoso que não consigo compreender. Imagino alguém que quer saber como se diz guspir em outra lingua e não acha no dicionário, simplesmente porque a palavra oficialmente não é assim (e se depender de mim, que permaneça na ilegalidade por um bom tempo).

2 comments:

Anonymous said...

Tu se acha tão culto ou culta, não sei, não encontrei definição de genero. Mas te esquece da premissa basica de qualquer lingua, a mutabilidade.
Creio que se não fosse ela, ainda estariamos falando castelhano ou galego. ou que o inglês ainda seria acentuado.

Não pense que defendo termos como "Proprema", "memo" ou "estudado", mas creio numa certa flexibilidade, se os falantes significantes de uma lingua, digo os instruidos, já adotam uma mudança fonetica, mas o dicionario continua o mesmo, então o problema é o dicionario que não aconpanha a lingua.

No que adianta, edições anuais do Arelio, Oxford. Se nestas novas edições não são acrecidas dos termos que evuloiram na lingua.

Anonymous said...

Falar errado não é evolução. E uma dentista, sendo uma pessoa com ensino superior, tem obrigação de falar o idioma pátrio corretamente.
E de fato, a língua inglesa, perdeu a acentuação. Mas a língua portuguesa ainda não. Seria o texto que você escreveu um exemplo dessa tal "flexibilidade" ?