Word of the Day

Thursday, May 22, 2008

Num primeiro momento

Estou vendo (e recentemente lendo) essa expressão inútil, prolixa e pseudo-intelectual cada vez mais. O que até um pouco atrás era primeiroi, agora virou num primeiro momento, que, por ser mais longa, é mais "chic", e o povo gosta de coisa "chic". Será que ninguém se dá conta que o primeiro momento é determinado, que só existe um, o que portanto repele o artigo indefinido um. Se ao menos fosse no primeiro momento, vá lá, mas num primeiro momento, aí eu não agüento e falo mesmo. O pior é que a primeira vez que ouvi a bendita expressão (e elas são sempre de fase, primeiro um a nível de, depois um tipo assim, depois um tá ligado, agora o cada vez mais onipresente tinha chego, do qual já escrevi) foi de, pasmem, uma professora de Português, com livros de poesia publicados e membro da academia de Letras da minha cidade. É de lascar!

3 comments:

Anonymous said...

Olá,

Tré chic! e em dois primeiros momentos? ^^

Em tcheco a questão do num ou no não existiria - eu acho que não =)

Apesar do primeiro momento, essa escritora é boa?

Anonymous said...

Sugestão, apenas uma sugestão: que tal fazer uma SÉRIE PANORAMA. Em cada texto, ou grupo de textos, apresentar um dos idiomas que você estudou - mostrar características gerais, comparação com alguns outros, motivos para estudá-lo (ou não estudar), etc etc.

Um pouco motivado por uma conversa com um amigo que está pensando em estudar outra idioma além de inglês...

A série também poderia ser feita por grupos: Novilatinas, eslavas ... enfim, mas é só uma sugestão

Ricardo said...

Olá, caríssimo professor.
Notei que essa "expressão inútil, prolixa e pseudo-intelectual" é sempre seguida de uma idéia equivocada, que pode, ou não, ser refutada logo em seguida. Portanto, a premissa contida em uma oração iniciada por "num primeiro momento", é sempre falsa, mesmo que ela não seja contrariada pela oração seguinte. Quando a expressão antecede uma ação, esta não ocorre. Assim, da sentença extraída de um vestibular da UNICAMP, "Bentinho, narrador de Dom Casmurro, a partir do instante em que tem certeza da traição de Capitu e de que Ezequiel não é o seu filho, decide, em um primeiro momento, suicidar-se, tomando café envenenado.", subentende-se que Bentinho não se suicidou (quem conhece a história sabe que isso é verdade).
Na minha opinião, a expressão pode também ser equivalente a "sob uma óptica pouco atenta" ou "sem ter conhecimento total do assunto".
Dessa forma, apesar de todos os adjetivos que você deu a ela serem verdadeiros, ela é mais comum do que imaginamos.
Ah! Eu conheço a escritora! :)
Abraço, cara!